Foto: Portal Caso de Política
Em coletiva de imprensa, pergunta da reportagem do Portal Caso de Política sobre creche deixa prefeito em “saia justa”; investigação da LOA 2026 revela abandono da Atenção Básica e inversão de prioridades na saúde municipal
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O que deveria ser um sábado de celebração política para a prefeitura de Barreiras transformou-se em um cenário de exposição das fragilidades administrativas do prefeito Otoniel Teixeira. Durante a entrega das 500 unidades do Residencial Solar Barreiras, neste sábado (20), o governador Jerônimo Rodrigues protagonizou um “enquadramento” pedagógico ao gestor municipal, revelando a falta de planejamento para equipamentos sociais básicos. O episódio evidenciou a inércia da prefeitura diante de alertas feitos ainda em março deste ano pelo governo federal e confirmou o colapso dos investimentos próprios do município.
O momento de maior tensão ocorreu durante a coletiva de imprensa de praxe, quando a reportagem do Portal Caso de Política questionou o governador sobre a ausência de uma creche para atender as 500 famílias contempladas. Jerônimo Rodrigues, sem hesitar, transferiu o peso da responsabilidade ao prefeito Otoniel Teixeira, cobrando-o publicamente sobre a existência de projetos. Visivelmente desestabilizado, Otoniel tentou justificar a lacuna, mas acabou “tutelado” por Jerônimo diante dos jornalistas:
“Eu sei que o prefeito tem dificuldade de gestão. Se o governo federal não der a creche, o Estado vem e faz, porque não vou deixar o investimento no colo do prefeito para ele se virar sozinho”.
O tom foi de sarcasmo cortante, expondo a fragilidade da articulação municipal diante da imprensa. A cena escancarou uma situação já conhecida desde março de 2025, quando o então ministro da Casa Civil, Rui Costa, havia cobrado publicamente do prefeito maior iniciativa na busca por creches via PAC e advertido sobre a obrigação do município em garantir a infraestrutura básica nos empreendimentos habitacionais. Nove meses depois, a cobrança permanece atual: no Solar Barreiras, a contrapartida municipal segue ausente.
No palanque oficial, o prefeito Otoniel Teixeira buscou retomar o controle da narrativa, tentando imprimir uma marca de parceria à sua gestão. Em seu discurso, afirmou que “a prefeitura de Barreiras não mediu esforços para estar ao lado da empresa, ao lado do governador do estado e ao lado do governo federal apoiando nesse momento”. Sobre a infraestrutura social, alegou:
“Nós já encaminhamos a documentação solicitando uma creche para dar suporte a essas famílias, como também aqui ao lado já construímos uma unidade básica de saúde que vai dar suporte enquanto a gente constrói uma nova”.
Contudo, a tentativa de Otoniel de projetar eficiência na saúde foi prontamente desconstruída. Através de suas redes sociais, o vereador João Felipe rebateu o gestor, denunciando que a UBS do Buritis – a mais próxima e citada pelo prefeito – está, na verdade, fechada. O vereador classificou a fala do prefeito como cínica, expondo que a unidade do bairro Cidade Nova, indicada como paliativo, opera em colapso.
O Escândalo da LOA 2026: Pão e Circo vs. Colapso Social
Uma investigação técnica sobre a Lei Orçamentária Anual (LOA) 2026, detalhada pelo Portal Caso de Política, revela que a prioridade da gestão Otoniel é a blindagem de imagem e as festividades, enquanto áreas críticas da política pública municipal agonizam.
| Área | Investimento 2025 | Investimento 2026 | Observação |
| Comunicação/Cerimonial | R$ 238 mil | R$ 1,94 milhão | Blindagem de imagem (+716%) |
| Cultura e Festas | R$ 19,8 milhões | R$ 34,4 milhões | Foco no “pão e circo” (+73%) |
| Saúde (Hospitais) | R$ 131 milhões | R$ 127,8 milhões | Manutenção do gargalo |
| Atenção Básica | R$ 74,8 milhões | R$ 82,7 milhões | Abaixo da inflação do setor |
| Habitação | R$ 430 mil | R$ 76 mil | Extinção de política própria (-82%) |
| Assistência Social | R$ 17,6 milhões | R$ 15,8 milhões | Abandono de vulneráveis |
Os números evidenciam a política do “remediar em vez de prevenir”, mantendo o gargalo na saúde pública municipal e empurrando a população para emergências hospitalares, enquanto áreas estruturantes perdem capacidade de resposta.
A sangria da dívida e o contraste da secretária Roberta Santana
O dado mais alarmante reside na incapacidade de investimento próprio. Barreiras reservou R$ 92 milhões para amortização e juros da dívida em 2026 – valor 1.211 vezes maior que o orçamento destinado à Habitação. Para cada R$ 1,00 pago pelo contribuinte, quase 10 centavos são direcionados ao sistema financeiro, tornando a prefeitura dependente de convênios externos.
Ainda no palanque, a secretária de Saúde, Roberta Santana, selou o contraste: enquanto a prefeitura falha no básico (Atenção Básica), o Estado investe R$ 62 milhões na ampliação do Hospital do Oeste, assumindo a alta complexidade que o município não consegue sequer apoiar com políticas efetivas de prevenção.
Jerônimo Rodrigues encerrou a agenda combatendo fake news sobre as obras do Aeroporto de Barreiras, ironizando adversários “de salto alto” que fazem política em playgrounds de luxo.
“Quem engorda o gado é o olho do dono”, sentenciou, ao relatar que enviou secretários pessoalmente ao canteiro de obras para desmentir boatos de atrasos salariais.
O desfecho em Barreiras confirma que a gestão Otoniel permanece perdida entre a dívida bilionária, o marketing cinematográfico e a negligência com serviços básicos ao cidadão.
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