
Evento inédito, proposto pelo vereador Allan do Allanbick e conduzido pelo presidente Yure Ramon, confronta a gestão pública com as demandas de artistas, empresários e forças de segurança para garantir a retomada do Carnaval como principal ativo cultural e econômico do Oeste Baiano
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Uma mudança de paradigma para o Carnaval de Barreiras começou a ser construída na noite desta quinta-feira (11), na Câmara Municipal. Em uma audiência pública histórica – a primeira dedicada exclusivamente ao planejamento da festa – os desafios e as oportunidades foram apresentados por mais de 20 participantes, estabelecendo um novo patamar de diálogo entre o Poder Público e a sociedade.

A iniciativa, fruto da solicitação do vereador Allan do Allanbick, da oposição, expôs a urgência de um planejamento de longo prazo, capaz de elevar a festa do patamar de “projeto de governo” para o de “projeto de Estado”.

A condução do debate pelo presidente da Casa, vereador Yure Ramon, foi marcada pela abertura e pelo acolhimento das reivindicações, garantindo um ambiente democrático. Em sua fala final, ele sintetizou o clima da audiência: “construímos algo é assim, quando unirmos, como estamos junto para o ouvir a sociedade Barreirense para ouvir os anseios.”
O marco histórico: fim do planejamento a portas fechadas

O caráter inédito do encontro foi ressaltado pelo secretário de Cultura e Turismo, Virgulino de Lima Pinto (Gula), que se emocionou ao contextualizar: “foi necessário vereador Alan, 37 anos para que isso acontecesse. É a primeira vez.” Ele detalhou que a gestão fará o lançamento do Carnaval 2026 em Salvador e outras capitais, atendendo a um pleito antigo do setor.
Allan do Allanbick, ao justificar a proposta, reforçou o caráter suprapartidário do debate:
“Não estou aqui hoje defendendo o lado político… estou sim para debater a melhoria dessa festa. E planejamento é se antecipar. E pelo que eu entendo de planejamento, nós já estamos atrasados.”
Segurança em detalhe: uma operação contra o risco

O Major PM Aquino, chefe de planejamento operacional da Polícia Militar, trouxe uma visão técnica sobre os desafios da segurança, ressaltando o risco intrínseco associado ao evento devido a fatores como “bebida, curtição, folia, ânimos exaltados”. Parafraseando seu comandante, afirmou:
“E carnaval, senhores, é essa festa que, parafraseando o meu comandante, ela tem tudo para dar errado.”
Apesar disso, classificou o Carnaval de 2025 como “tranquilo”, atribuindo o resultado à boa estrutura. Segundo ele, o planejamento começa já na Quarta-Feira de Cinzas, com mobilização de cerca de 200 policiais por noite e uso de 37 câmeras com reconhecimento facial, que inibem ações criminosas: “aquele que quer ir para aventurar, corre um risco muito grande de ser conduzido, preso.”

O secretário municipal de Segurança, Coronel Fábio Cruz da Silva de Santana, destacou a missão de integrar todas as instituições envolvidas. Reforçou que o planejamento para 2026 já está em andamento e que a comissão do Carnaval se reúne para “fazer acontecer”.

O delegado Antônio Alberto, representando a Polícia Civil, afirmou que a corporação está se preparando para montar “uma estrutura acredito que das melhores que já foram montadas nesse evento”, com delegacia móvel, reforço de efetivo e equipes à paisana.
A conta da folia: o carnaval de R$ 30 milhões e a crítica da CDL

O setor produtivo cobrou visão estratégica. Ricardo Scartazzini, vice-presidente da CDL, defendeu que o Carnaval seja tratado como política pública continuada e orientada ao futuro:
“Precisamos que isso seja tratado não de uma forma isolada, que o Carnaval de Barreiras, ele seja uma estratégia de política pública continuada e pensada a longo prazo.”
Ele apresentou estimativa de impacto econômico: “estimamos uma entrada econômica de aproximadamente 30 milhões de reais”, caso haja investimento consistente em marketing. Criticou ainda a ausência da CDL na comissão de planejamento e afirmou que investir no Carnaval é investir em emprego, renda e projeção nacional da cidade.

A secretária de Indústria e Comércio, Moriá, confirmou o peso econômico da festa, qualificando-a como “um vetor importante de movimentação econômica e de geração emprego e de renda”. Destacou o cadastramento digital dos ambulantes e agradeceu diretamente ao propositor: “mesmo sendo um vereador de oposição e uma uma oposição idônea tem demonstrado o compromisso com o interesse público.”
A batalha dos dois carnavais: desvalorização do eixo cultural

O debate cultural evidenciou um sentimento forte de abandono do circuito do Centro Histórico. Ana Carolina Pamplona Barbosa, da Comissão de Artistas, fez a crítica mais contundente: “Enquanto a gente teve ali cerca de mais de 10 atrações principais… na avenida a gente teve apenas duas atrações no centro histórico.” Classificou o Carnaval cultural de 2025 como “retrocesso” e “totalmente abandonado”, defendendo o reajuste dos cachês de artistas locais, hoje em torno de R$ 6 mil.

O músico Maurício Faísca, do GICA Coletivo, pediu autenticidade: “é preciso que haja uma sensibilidade que carnaval é feito de dentro para fora. De fora para dentro, não. Não sejamos copistas, não sejamos apropriadores dos outros carnavais.” Propôs editais para contratação de artistas de diversos gêneros.
O secretário Gula rebateu parte das críticas, destacando a contratação de “quase 100 artistas locais” no Carnaval e no São João e afirmando que “todos os os artistas locais receberam 50% no primeiro dia de Carnaval”, o que classificou como inédito.

O setor de turismo reforçou as críticas. Carlos Maurício Faria da Mota questionou a falta de público no circuito cultural: “por que que o meu restaurante que tá dentro do circuito do carnaval eu fecho o meu restaurante porque não tem público?” Já Carlos Eduardo Lopes Braga (Caduda Braga) apontou a necessidade de divulgação antecipada: “a gente não tem como atrair o turista sem que você tenha um anúncio de como é que vai ser o Carnaval, meses atrás”.
A luta por espaço e dignidade dos pequenos empreendedores
Os pequenos empreendedores relataram dificuldades, como taxas elevadas, concorrência externa e falta de infraestrutura. Valdemir dos Santos Lima, representante dos barraqueiros, desabafou:
“Olhe com carinho o valor da nossas do nossos espaços e que olhe também com carinho a concorrência que não é que nos é trazido à nossa cidade, porque eu acho que não há necessidade de se abrir vaga para 500 ambulantes em Barreiras.”
Michel Gleites Barreto, da Associação de Garçons, relatou a ausência histórica de diálogo:
“Ninguém nunca chamou a nossa Associação, nunca para participar de uma audiência dessa.”
Priscila Maiana, da Associação de Food Trucks, questionou o valor cobrado por “apenas o chão” e pediu cobertura contra chuva.
Yure Ramon reforçou a defesa dos trabalhadores locais:
“É necessário buscar alternativas para que 90% desses espaços fique aqui com as pessoas que moram nessa cidade.” Ele criticou ainda a lógica de “dois pesos, duas medidas” que limita ritmos para artistas locais, mas não para atrações de fora.
O ponto de tensão final: o carnaval da quinta-feira
A possibilidade de estender o Carnaval para a quinta-feira foi rejeitada pelo propositor da audiência. Allan do Allanbick foi direto: “sem planejamento eu não tenho como deixar de falar que eu sou contra a esse evento na quinta-feira,” alertando para os custos e os riscos organizacionais. O secretário Coronel Fábio esclareceu que o planejamento oficial continua prevendo o formato tradicional, de sexta a quarta-feira.
Yure Ramon encerrou a sessão com otimismo:
“eu não tenho dúvida hoje que cada um dos senhores… deixou um legado de contribuição para Barreiras… eu não tenho dúvida que o Carnaval de Barreiras 2026 será diferente.” A audiência consolidou Allan do Allanbick como voz construtiva e Yure Ramon como articulador de um debate que inaugura uma nova era para a maior festa do município.
Caso de Política | A informação passa por aqui.
#CarnavalDeBarreiras #BarreirasFolia #Planejamento2026 #CulturaBaiana #OesteBaiano #TurismoSustentável #VozDoPovo #FoliaComPlanejamento






