Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Vereadores da cidade de Formosa (GO), município de 123 mil habitantes localizado a 80 km de Brasília, aprovaram o aumento dos próprios salários e da remuneração do prefeito e do vice-prefeito, a partir de 1º de janeiro de 2025. Para justificar o próprio aumento, os representantes do Legislativo municipal reclamaram que são mal remunerados e demonstraram insatisfação com os novos valores aprovados. Os vereadores da cidade realizam apenas seis sessões por mês.
O vereador Hermes Costa (União) disse que mesmo que o salário dos vereadores fosse de R$ 300 mil ainda seria pouco por causa dos pedidos dos eleitores. De acordo com o vereador, “vergonhoso” não é o valor que eles recebem, mas as propostas que recebem de alguns eleitores. Em discurso, ele afirmou que “as pessoas banalizam os políticos e a política”. “A mola propulsora para a pessoa se interessar por um cargo, uma profissão, é o salário”, disse. “Se nós formos atender às pessoas que nos ligam pedindo uma ajuda, nós tinha (sic) de ganhar era R$ 300 mil, e não dava. Porque todo dia chega um, pede uma consulta, pede um transporte, pede um remédio, uma cesta básica”, reclamou. Veja trechos de alguns dos discursos:
Os vereadores de Formosa aprovaram o aumento de seu salário de R$ 14.904,66 para R$ 17.387,32. O próximo prefeito receberá R$ 34.774,64, e o vice, R$ 17.387,32. A proposta foi aprovada com o apoio de nove vereadores. Apenas quatro votaram contra. A cidade faz parte da região do Entorno do Distrito Federal. O salário mínimo no Brasil em 2024 é de R$ 1.412. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda per capita no Brasil cresceu 11,5% em 2023 na comparação com o ano anterior, chegando ao recorde de R$ 1.848,00.
A vereadora Roberta Brito (PRD) alegou que não há salário que compense o tempo que ela está perdendo ao não acompanhar o crescimento das suas filhas. Contou que é obrigada a delegar a assessoras a tarefa de buscar as crianças na escola e que não tem horário sequer para almoçar.
“Não tenho horário para almoçar, tenho três filhas e não vi elas crescerem para cuidar da população de Formosa. Qual o dinheiro que paga isso? Às vezes não consigo buscar minhas filhas na escola, são minhas assessoras que vão buscar.”
O presidente da Câmara, Mundim (Podemos), disse que é preciso ter muita coragem para se lançar à prefeitura de Formosa com um salário de R$ 34 mil. “Ele é muito corajoso”, disse. O vereador afirmou que havia se comprometido com os colegas a evitar a realização de sessões extraordinárias, mas que decidiu abrir uma exceção para votar um “projeto tão fácil”.
Índio de Assis (Mobiliza) cobrou dos colegas apoio à proposta. Segundo ele, é inadmissível “tirar o dinheiro dos que estão sonhando com esse aumento”. O vereador que achasse o valor elevado, provocou ele, poderia usar o excedente para comprar cestas básicas.
O vereador Joelson Trovão (Agir) disse que havia sido “intimado” por sua esposa a abandonar a política, tamanho o comprometimento dele com o mandato. “O salário não é muito”, reclamou. Segundo ele, se a remuneração fosse reduzida à metade, não apareceria candidato à Câmara de Formosa.
Vereadores contrários à iniciativa alegaram que o município enfrenta crise em áreas estratégicas, como a saúde e a educação, e que o momento é inadequado para aprovar esse tipo de aumento, que impactará os cofres públicos.
Votaram a favor do aumento os vereadores
- Cátia Rodrigues (PSB)
- Com de Paiva (Podemos)
- Roberta Brito (PRD)
- Filipe Vilarins (MDB)
- Índio de Assis (Mobiliza)
- Joelson Trovão (Agir)
- Hermes Costa (União)
- Mundim (Podemos)
- Nema (Podemos)
Votaram contra o aumento:
- Delegada Fernanda (PP)
- Dr. João Batista (DC)
- Ciê do Sacolão (União)
- Simone Ribeiro (PL)
Congresso em Foco
Descubra mais sobre Caso de Política
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.