Reforço na vacinação e vigilância epidemiológica foram fundamentais para a recertificação pela OPAS
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O Brasil voltou ao grupo de países livres do sarampo, rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) após cinco anos, segundo certificação entregue pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) ao Ministério da Saúde nesta terça-feira (12). A recertificação confirma que o país conseguiu interromper a transmissão local da doença desde junho de 2022, quando foi registrado o último caso autóctone no Amapá; desde então, todos os casos detectados foram importados.
Em 2016, o Brasil já havia conquistado o status de país livre do sarampo, mas perdeu a certificação em 2019 devido a um surto que somou mais de 10 mil casos entre 2018 e 2019, resultado de uma queda na cobertura vacinal e aumento da circulação do vírus importado. No auge da epidemia, o país chegou a registrar quase 4 mil casos em um único mês.
Para reconquistar a certificação, o Brasil precisou demonstrar à OPAS a ausência de transmissão local por mais de um ano, além de um compromisso reforçado com a vacinação, a vigilância epidemiológica e uma rápida resposta a surtos importados. “Avançamos em todos os processos, principalmente nas coberturas vacinais”, afirmou Renato Kfouri, presidente da Câmara Técnica de Verificação da Eliminação do Sarampo.
A vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, rubéola e caxumba, é fundamental para manter o controle da doença e é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). As crianças devem tomar a primeira dose aos 12 meses e a segunda aos 15 meses. Adultos jovens até 29 anos que não completaram o esquema vacinal devem tomar duas doses, com intervalo de um mês, enquanto para pessoas de 30 a 59 anos, uma dose é recomendada.
Desafios na cobertura vacinal e recuperação da imunidade
A baixa cobertura vacinal foi um desafio nos últimos anos, agravada por movimentos antivacina. Em 2021, a taxa de vacinação para a primeira dose chegou a apenas 74%, muito aquém dos 95% recomendados para a imunidade coletiva. Em 2024, no entanto, a cobertura para a primeira dose subiu para 91%, e a segunda dose, historicamente mais baixa, já ultrapassa os 80%, contribuindo para a eliminação do vírus no país.
O sarampo é uma doença altamente contagiosa, capaz de infectar entre 12 e 18 pessoas a partir de um único caso. Transmitido por secreções respiratórias, o vírus pode provocar sintomas graves como febre alta, manchas vermelhas, conjuntivite e, em casos mais severos, pneumonia e encefalite, podendo até levar à morte. O controle do sarampo depende de uma vigilância contínua e de um alto nível de cobertura vacinal, para que o Brasil permaneça livre da doença.
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