
Data simboliza o enfrentamento de uma das violências mais brutais e silenciosas contra crianças e adolescentes: o abuso sexual e sua devastação invisível
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Há datas que não deveriam existir – ou, ao menos, que jamais deveriam ter razão para serem lembradas. O 18 de Maio é uma dessas. O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes é um grito coletivo que brota do silêncio forçado de milhares de vítimas. Uma convocação à sociedade para encarar uma das realidades mais brutais e repugnantes que persistem nas sombras do cotidiano: a violência sexual contra os mais indefesos.
O abuso sexual na infância é um crime que mutila mais do que o corpo – ele rompe a formação da identidade, destrói vínculos de confiança, desencadeia traumas profundos e, muitas vezes, irreversíveis. As consequências se estendem pela vida adulta, manifestando-se em depressão, ansiedade, culpa, isolamento e, em casos extremos, no suicídio. Trata-se de uma violência que transcende o momento do ato: ela se infiltra na estrutura psíquica e emocional da vítima, gerando um sofrimento que o tempo, por si só, não apaga.
Neste 18 de Maio, a data precisa mais do que palavras. Precisa de escuta. De vigilância. De ação. É inadmissível que em pleno século XXI, crianças continuem sendo tratadas como mercadoria por redes de exploração, aliciadas em ambientes digitais, violentadas dentro das próprias casas – por quem deveria protegê-las.
A atuação da Polícia Federal, embora firme, evidencia a gravidade do cenário. Só na última semana, mais de 100 mandados foram cumpridos em todo o país em uma grande operação contra a pornografia infantil. Ao menos 35 pessoas foram presas em flagrante. Foram identificados abusadores que atuavam de forma planejada e cruel, atraindo crianças pela internet, filmando os abusos e distribuindo esse material em redes clandestinas.
Esses números assustam, mas não surpreendem. Em 2024, a PF resgatou 174 vítimas e ampliou sua capacidade de investigação por meio de tecnologias como o Sistema Rapina — que já começa a ser adotado por polícias de outros países. Mas toda essa força repressiva, embora necessária, jamais será suficiente se a sociedade seguir tolerando o silêncio, a omissão, o medo de enfrentar o problema dentro de casa, nas escolas, nas igrejas, nos clubes, nos espaços onde o abuso se disfarça de normalidade.
O 18 de Maio é uma data que incomoda. E precisa incomodar. Porque não se trata de estatística, mas de vidas em formação. Cada criança violentada representa não apenas uma infância perdida, mas também o fracasso de todos nós enquanto coletividade.
É preciso romper o pacto do silêncio. Escutar sinais. Criar redes de proteção reais. Promover educação sexual como ferramenta de prevenção. E tratar o abuso sexual infantil como o que ele é: um crime hediondo, que exige resposta firme, célere e implacável.
Hoje, mais do que nunca, é tempo de dizer: nenhuma criança a menos. Nenhum abuso silenciado. Nenhuma dor ignorada. Porque quem cala, consente — e quem consente, perpetua.
Caso de Política | A informação passa por aqui.
#18DeMaio #ProtejaNossasCrianças #InfânciaSemViolência #CombateAoAbuso #DigaNãoAoSilêncio #ExploraçãoSexualNão #GuardiõesDaInfância #JustiçaParaAsVítimas #ContraOAbusoInfantil #InfânciaÉSagrada