Nomeações ocorrem dias após Adriano Stein denunciar descaso no bairro Jardim São Paulo; pasta da Infraestrutura é uma das mais criticadas pela população
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O prefeito de Barreiras, Otoniel Teixeira (União Brasil), nomeou nesta segunda-feira (12), por meio do Diário Oficial do Município, três novos integrantes para a Secretaria Municipal de Infraestrutura: um assessor especial e dois coordenadores.
Coincidência ou não, as nomeações surgem pouco após o vereador Adriano Stein (PL), da base governista, lançar duras críticas públicas à gestão municipal, com foco justamente na pasta agora reforçada.
As críticas de Stein se intensificaram nas últimas semanas e ganharam forte repercussão política. Em 22 de abril, durante uma sessão na Câmara Municipal, o vereador denunciou possível uso político na distribuição de cestas básicas da Secretaria de Assistência Social, apontando indícios de que servidores entregariam os alimentos em nome de vereadores – uma acusação que, se confirmada, pode desencadear consequências jurídicas e institucionais graves.
Na mesma ocasião, Stein também protestou contra o que classificou como abandono do bairro Jardim São Paulo, destacando a repetição de problemas crônicos que afetam a população local, como acúmulo de lixo, mato alto e ausência de manutenção de espaços públicos. Segundo ele, essa omissão seria motivada por perseguição política, já que o próprio parlamentar reside no bairro.
“É um desrespeito com os moradores”, disse, acusando servidores de agirem seletivamente de acordo com interesses políticos.
A fala do vereador não poupou o prefeito Otoniel Teixeira.
“O prefeito tem que sair das redes sociais e entrar dentro das secretarias”, vociferou Adriano Stein, sinalizando um mal-estar crescente entre segmentos da base aliada.
Ele foi além, afirmando que “tem muita gente dentro da gestão que já passou da hora de pegar seu banquinho e ir embora”.
Diante da gravidade da denúncia sobre as cestas básicas, o vereador revelou ter protocolado um ofício solicitando investigação e garantiu que, na ausência de respostas, acionará o Ministério Público. Com um histórico de 20 anos na Polícia, Adriano Stein assegurou que levará o caso até as últimas consequências.
“É dinheiro público. Se isso estiver acontecendo, é uma covardia.”
A pressão não cessou com o discurso. No dia 5 de maio, o vereador divulgou um vídeo mostrando imagens do bairro Jardim São Paulo, reforçando o estado de abandono com registros de buracos, lixo, mato alto e alagamentos.
“Nenhuma das solicitações feitas na Câmara, como praças, asfalto, manilhas ou redutores de velocidade, foi atendida”, lamentou.
A Secretaria de Infraestrutura, alvo central das queixas, tem sido um dos pontos mais sensíveis da atual gestão municipal. As recorrentes críticas da população refletem a dificuldade da pasta em atender demandas básicas de manutenção urbana. A recente nomeação de novos cargos pode ser vista como uma tentativa de recompor a estrutura administrativa e dar uma resposta política ao desgaste — ainda que tardia.
Na simbologia mais ampla da administração pública, reforçar uma pasta em crise é um movimento que revela, ao mesmo tempo, reconhecimento de falhas e busca por reequilíbrio. A harmonia institucional, muitas vezes ameaçada por descuidos operacionais, depende de respostas concretas — não apenas discursos.
Seja por coincidência, cálculo político ou percepção do risco de colapso interno, o prefeito começa a mover peças. Se o gesto será suficiente para reverter o desgaste e restaurar a confiança, ainda é cedo para saber. Mas a urgência da resposta revela que a luz da crítica começa a iluminar os recantos até então ignorados do governo.
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