
Foto: Ricardo Stuckert
Presidente participa das celebrações do Dia da Vitória ao lado de líderes de regimes aliados da Rússia e sinaliza acordos bilaterais em meio a pressões internacionais
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Moscou nesta quarta-feira (7) para participar das comemorações dos 80 anos da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista. A presença do líder brasileiro no tradicional desfile militar russo ocorre num momento de tensão global e levanta questionamentos sobre o posicionamento do Brasil diante da guerra na Ucrânia.
“Já estou na Rússia para participar das comemorações dos 80 anos do Dia da Vitória, que marcou o fim da Segunda Guerra. Esse dia, que define a vitória contra o nazismo. A vinda à Rússia reafirma nosso compromisso com o multilateralismo”, escreveu Lula em suas redes sociais logo após desembarcar.
Já estou na Rússia para participar das comemorações dos 80 anos do Dia da Vitória, que marcou o fim da Segunda Guerra. Esse dia, que define a vitória contra o nazismo. A vinda à Rússia reafirma nosso compromisso com o multilateralismo. Iremos assinar acordos de cooperação em… pic.twitter.com/fQaY6v6T8e
— Lula (@LulaOficial) May 7, 2025
A cerimônia oficial, marcada para esta sexta-feira (9), inclui um jantar com o presidente Vladimir Putin e líderes convidados, além do desfile na Praça Vermelha com exibição de tropas, veículos blindados e armamentos.
“Iremos assinar acordos de cooperação em Ciência e Tecnologia e buscar a ampliação das nossas parcerias comerciais”, anunciou Lula.
A comitiva brasileira inclui ministros de Estado e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o que reforça o peso institucional da visita. O Palácio do Planalto prevê encontros bilaterais com representantes de outros países também próximos ao regime russo.
Após encerrar os compromissos em Moscou, Lula seguirá no sábado (10) para Pequim, onde terá agenda no Fórum China-Celac e uma reunião privada com o presidente chinês, Xi Jinping. A visita ao principal parceiro comercial do Brasil ocorre em paralelo à escalada da guerra tarifária entre Estados Unidos e China, agravada pelas novas sanções impostas por Donald Trump.
O giro internacional de Lula busca reforçar a imagem de uma diplomacia ativa e multilateral, mas gera críticas por parte de setores que veem nas escolhas do presidente uma aproximação excessiva com regimes autoritários. Ainda assim, Lula insiste que o Brasil pode “falar com todos os lados” e tenta se posicionar como mediador em conflitos que envolvem as grandes potências.
O livro nas mãos de Lula em Moscou
Vendo as fotos divulgadas em suas redes sociais, chamou atenção do Caso de Política, logo na chegada, o objeto que o presidente carregava em mãos: o livro O Animal Social, do psicólogo e professor norte-americano Elliot Aronson. A obra é um clássico da psicologia social, centrada na ideia de que o ser humano é moldado fundamentalmente pelas forças do convívio – políticas, culturais e coletivas.
Mais que uma leitura ocasional, o gesto de exibir o livro em solo russo pode ser lido politicamente como um sinal calculado. Em meio a um ambiente de polarizações geopolíticas, Lula carrega consigo um tratado sobre o comportamento humano em grupo, o poder da obediência e da conformidade, os mecanismos da persuasão e o nascimento do preconceito.
Temas estes que ecoam nos discursos oficiais russos, nas reações do Ocidente e também nos dilemas internos do Brasil. A escolha da obra revela uma possível tentativa do presidente de se afirmar como agente de diálogo e observador das dinâmicas sociais em jogo – inclusive as de poder.
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