
Em Paris, presidente usa certificação sanitária histórica para consolidar aliança com setor-chave da economia, projetar força diplomática e pressionar por novos acordos comerciais, incluindo o travado pacto com a União Europeia
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Em um dos mais significativos movimentos de seu terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um aceno estratégico ao agronegócio, declarando que o setor deixou de ser secundário para se tornar “o principal negócio do Brasil”.
A afirmação, proferida nesta sexta-feira (06) durante a cerimônia que reconheceu o país como livre de febre aftosa sem vacinação, representa a consolidação de uma aliança pragmática com um dos setores mais poderosos — e historicamente mais resistentes ao PT — da economia e da política nacional.
O discurso de Lula em Paris não foi apenas uma celebração técnica; foi uma peça de xadrez político. Ao abraçar o sucesso do agro, o presidente busca neutralizar um foco de oposição, garantir sustentação a um pilar do crescimento do PIB e usar a força do setor como um ativo na sua política externa. A fala sinaliza ao mercado e ao Congresso que seu governo reconhece a centralidade do agronegócio, buscando construir pontes em vez de aprofundar clivagens ideológicas. A escolha do palco internacional, diante de potências comerciais, amplifica a mensagem: o Brasil, sob sua liderança, joga para ganhar no competitivo mercado global.
A conquista do certificado sanitário, fruto de “60 anos de trabalho”, serviu como plataforma para Lula projetar um Brasil assertivo e que exige respeito.
“Durante muito tempo o Brasil foi tratado como se fosse um país insignificante. Ninguém respeita quem não se respeita”, afirmou, estabelecendo a excelência produtiva como ferramenta de soberania.
A diplomacia comercial foi o tom dominante, com recados diretos a parceiros como Japão e Coreia do Sul, e uma cobrança explícita ao presidente francês, Emmanuel Macron, sobre o emperrado acordo entre Mercosul e União Europeia.
A conquista e a projeção global
O evento na França marcou o reconhecimento internacional da robustez do sistema de defesa agropecuária brasileiro. Para Lula, a certificação é a prova de que o país pode competir em pé de igualdade nos mercados mais exigentes.
“A gente quer produzir a melhor carne, a carne mais saudável, e quer disputar os mercados do mundo inteiro, com quem quer que seja”, declarou o presidente, reforçando o compromisso com a qualidade.
Lula também revelou ter tido uma conversa “ríspida” com o primeiro-ministro do Japão para abrir aquele mercado, e usou a ocasião para defender a seriedade do setor.
“No Brasil, o pessoal trabalha com muita seriedade, porque aprenderam que é bom ser bom, é bom exportar carne de qualidade”.
Articulação política e metas econômicas
Internamente, o presidente fez questão de prestigiar seu ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, validando sua atuação e, em tom de brincadeira, sugerindo que o bom desempenho lhe garantiu o cargo até as próximas eleições. A fala reforça a coesão de sua base aliada, que inclui setores do centro ligados ao agro.
Com otimismo, Lula voltou a projetar o Brasil como a 6ª maior economia do mundo em breve, contestando previsões pessimistas do início do ano.
“O que faz as coisas acontecerem é trabalho, trabalho e trabalho”, disse, atrelando o potencial de crescimento do país à produtividade de setores como o agronegócio.
Por fim, o presidente se comprometeu a destravar o acordo UE-Mercosul durante a presidência brasileira do bloco, prometendo diálogo direto com os agricultores franceses para superar as resistências.
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