
Responsável por promover tortura, misoginia, fake news e subestimação da pandemia, Bolsonaro deixa um legado marcado por pelo menos 500 mil mortes por Covid-19, das quais quase 400 mil poderiam ter sido evitadas, além de declarações chocantes e desprezo à dignidade humana
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Jair Messias Bolsonaro encerra sua vida pública como começou: ignorando as instituições, exaltando a violência e desprezando a população. Investigado por tentativa de golpe de Estado e sob medidas cautelares como uso de tornozeleira eletrônica e bloqueio de redes sociais, ele finaliza o mandato com o mesmo espírito autoritário que o marcou desde os anos 1980, quando foi acusado de planejar atentados contra quartéis e chegou a ficar preso 15 dias.
Desprezo pela vida e pandemia: mais de 711 mil mortos e ao menos 400 mil evitáveis
Sob a liderança de Bolsonaro, o Brasil acumulou mais de 711.380 mil mortes por Covid‑19, registrando um dos piores desfechos per capita do mundo.
Especialistas estimam que pelo menos 400 mil dessas mortes poderiam ter sido evitadas se o país tivesse adotado medidas básicas de controle e antecipado a vacinação em 2021.
Outro modelo epidemiológico aponta que aproximadamente 391.647 mortes evitáveis ocorreriam com maiores taxas de vacinação e intervenções não farmacológicas eficazes, entre março de 2020 e junho de 2022.
Bolsonaro desdenhou da pandemia, chamou a Covid‑19 de “gripezinha”, disse que os brasileiros nunca adoeciam e que “morrer é inevitabilidade”. Mandou mensagens como “Pare de choramingar” e declarou aos jornalistas:
“E daí? Não sou coveiro”.
Durante os momentos de maior colapso hospitalar, criticou o uso de máscaras como “coisa de maricas”, e constantemente participava de eventos públicos sem distanciamento ou proteção.
Fake news, “kit Covid” e gabinete do ódio institucionalizado
A CPI da Covid concluiu que Bolsonaro e sua base controlaram um “gabinete do ódio” para divulgar desinformação sobre a pandemia, promover tratamentos ineficazes como cloroquina, ivermectina e azitromicina, e combater vacinas comprovadas cientificamente.
Ele chegou a chamar aqueles que não acreditavam no tratamento precoce de “canalhas”.
A insistência em medicações sem eficácia levou à denúncia por crimes contra a humanidade junto à Corte Penal Internacional, por genocídio moral e negligência deliberada frente aos indígenas, quilombolas e comunidades vulneráveis.
Além disso, houve relato de envio intencional de pacientes da Amazônia para outros estados como parte de uma política de disseminação do vírus para acelerar a “imunidade de rebanho”.
Falas repulsivas e absurdos públicos
Ao longo do mandato, Bolsonaro fez declarações que chocaram o país e o mundo:
- Sugeriu que a população fizesse cocô “dia sim, dia não” para preservar o meio ambiente;
- Afirmou que brasileiros “pulam em esgoto e nada acontece”;
- Compartilhou vídeo pornográfico perguntando “O que é golden shower?” em redes oficiais.
- Apologia à tortura, misoginia e mensagem de ódio
Durante sua trajetória política, Bolsonaro fez apologia à tortura ao homenagear o coronel Ustra, torturador da ditadura, no voto do impeachment de Dilma.
“Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff”.
Também desejou publicamente que Dilma “morresse de câncer” em 2011 e afirmou que não estupraria a deputada Maria do Rosário porque “ela não merecia” – declarações amplamente reprovadas e alvo de processos judiciais por misoginia gritada.
“Pintou um clima” com adolescentes venezuelanas
Em 2022, Bolsonaro afirmou em live que avistou meninas venezuelanas de 14 e 15 anos “se arrumando na esquina” e comentou: “Pintou um clima”, em fala interpretada como naturalização da exploração sexual infantil. Tentou depois alegar que apenas denunciava o que viu, mas o tom original foi duramente criticado por organizações de direitos humanos.
Indiferença diante do sofrimento alheio
Enquanto a população era dizimada pela pandemia, Bolsonaro permitiu que mais de 17 milhões de brasileiros fossem infectados e omitido soluções de prevenção eficazes nos locais mais vulneráveis.
Em dezembro de 2021, ignorou as enchentes que devastaram o sul da Bahia e enfrentaram milhares de desabrigados, ao aparecer pilotando jet ski em Santa Catarina e afirmando:
“Espero não ter que voltar antes”.
Bolsonaro encerra sua vida pública no mesmo tom com que começou: ignorando a razão, exaltando absurdos e negando a própria humanidade. Seu mandato ficará registrado na história como uma das gestões mais letalmente desastrosas, abarrotada de negação científica, ódio declarado e silêncio cúmplice diante de milhares de mortes evitáveis. A democracia e a dignidade humana saem profundamente feridas dessa experiência.
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