
Bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul reforça tendência de desdolarização; Brasil pode agir rapidamente para proteger reservas
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O BRICS, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, pode acelerar a venda dos cerca de US$ 1,2 trilhão em títulos do Tesouro dos Estados Unidos que detém, segundo dados do Departamento do Tesouro dos EUA.
Parte desses recursos deve ser convertida em ativos europeus denominados em euros e em reservas de ouro, sinalizando uma estratégia para reduzir a dependência do dólar e fortalecer a segurança econômica do bloco.
A China lidera como maior detentora, com cerca de US$ 756 bilhões investidos em títulos americanos, seguida por Brasil e Índia, que somam cerca de US$ 225 bilhões cada (TIC Data, 2025).
A Rússia, por sua vez, praticamente abandonou esses ativos devido às sanções internacionais e às mudanças em sua política econômica (Brookings Institution, 2024).
Em meio a um cenário global marcado por instabilidade financeira e aumento dos riscos associados à dívida pública americana, o Brasil surge como possível protagonista ao adotar uma postura preventiva para proteger suas reservas internacionais.
Uma descoberta recente reforça essa estratégia: na China, foi encontrada uma mina estimada em cerca de mil toneladas de ouro – o equivalente a quase US$ 83 bilhões.
De acordo com reportagem da Agência Reuters, essa jazida, possivelmente a maior do mundo, tem potencial para impulsionar a produção mineradora e ampliar as reservas do país asiático e seus parceiros comerciais. O aumento da oferta de ouro favorece a diversificação das reservas internacionais do BRICS, reduzindo a exposição ao dólar e aumentando a proteção contra volatilidades financeiras e cambiais.
Impactos para os Estados Unidos
A venda massiva desses títulos pelo BRICS pode resultar em elevação dos juros da dívida pública americana, encarecendo o financiamento do governo federal e do setor privado. Além disso, a volatilidade do dólar tende a crescer, estimulando fuga de capitais e provocando efeitos em cascata nos mercados financeiros globais. Juros mais altos e instabilidade econômica podem frear o crescimento dos EUA, aprofundando incertezas internas e externas.
Estratégia de diversificação do BRICS
O bloco tem direcionado esforços para realocar parte dos recursos para títulos europeus emitidos em euros e para ampliar suas reservas em ouro. Essa combinação visa fortalecer a desdolarização e aumentar a autonomia econômica diante das pressões políticas e financeiras dos Estados Unidos.
Para o Brasil, essa estratégia representa um importante instrumento para garantir maior estabilidade financeira em um ambiente internacional cada vez mais turbulento.
Esse movimento representa um desafio à hegemonia americana e reforça a tendência de multipolaridade na economia mundial. A União Europeia pode emergir como alternativa financeira viável, desde que consiga manter estabilidade política e econômica interna. Para os Estados Unidos, esse cenário demanda revisão urgente de suas políticas fiscais e monetárias, com vistas a preservar a confiança dos investidores estrangeiros e a sustentabilidade de sua dívida.
A aceleração na venda dos títulos americanos, combinada com a ampliação das reservas em ouro e investimentos em euros, consolida o protagonismo do BRICS na nova ordem econômica global. O Brasil, em especial, por sua posição estratégica e volume de reservas, pode liderar essa ação, fortalecendo sua posição financeira e ampliando sua influência geopolítica.
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