
Enquanto Trump impõe tarifas de 50% ao Brasil e ataca o STF, bancada do PL lidera homenagem ao presidente dos EUA e reforça submissão antinacional
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – No mesmo dia em que Donald Trump anunciou sanções comerciais ao Brasil e atacou frontalmente o Supremo Tribunal Federal, a Comissão de Relações Exteriores da Câmara aprovou, por iniciativa do deputado Sóstenes Cavalcanti (PL-RJ), uma Moção de Louvor e Regozijo ao presidente norte-americano.
A decisão, que contraria o espírito de soberania e o interesse estratégico nacional, foi apresentada como um gesto de exaltação ao “exemplo de democracia moderna” que Trump representaria — no exato momento em que ele impõe uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras e interfere diretamente nos assuntos internos do país.
Segundo Sóstenes, Trump merece ser lembrado como “um dos melhores presidentes do mundo”, por iniciativas como o perdão aos envolvidos no ataque ao Capitólio, a criação de um departamento para enxugar a máquina pública e políticas conservadoras em valores de família. Nenhuma menção, contudo, ao impacto direto de sua carta enviada ao presidente Lula, na qual acusa o Brasil de perseguir Jair Bolsonaro, ataca o STF e impõe barreiras comerciais com forte impacto sobre a indústria e o agronegócio nacionais.
O gesto de Sóstenes e da bancada do PL revela mais do que alinhamento ideológico: escancara a inversão de prioridades de setores da política brasileira que preferem a subserviência a lideranças estrangeiras a defender o próprio país. Enquanto o Itamaraty classifica a tarifa de Trump como hostil e injustificada, e empresários demonstram preocupação com os efeitos econômicos, parlamentares preferem estender tapete vermelho ao chefe de Estado que impôs a mais alta alíquota entre as novas sanções anunciadas pelos EUA.
Trump, em sua carta, afirma que “não podemos continuar tratando como parceiro um país que persegue adversários políticos” — referência direta à condição de réu de Bolsonaro no Supremo. A correspondência mistura retaliação comercial, interferência política e condicionamento econômico. E deixa claro que, para o governo norte-americano, o respeito às instituições brasileiras é irrelevante quando há interesses ideológicos em jogo.
Aprovada no mesmo dia em que o Brasil sofre uma retaliação comercial sem precedentes, a moção soa como um aplauso à perda da autonomia. A defesa da pátria não se faz com discursos inflamados, mas com a preservação da soberania e com a responsabilidade diante de decisões que afetam empregos, exportações e o prestígio internacional do país.
Abaixo, a íntegra da carta enviada por Donald Trump a Lula:
9 de julho de 2025
Sua Excelência Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República Federativa do Brasil
Brasília
Prezado Sr. Presidente:
Conheci e tratei com o ex-Presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei muito, assim como a maioria dos outros líderes de países. A forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!
Em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos (como demonstrado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal do Brasil, que emitiu centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS a plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com multas de milhões de dólares e expulsão do mercado de mídia social brasileiro), a partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todas e quaisquer exportações brasileiras enviadas para os Estados Unidos, separada de todas as tarifas setoriais existentes. Mercadorias transbordadas para tentar evitar essa tarifa de 50% estarão sujeitas a essa tarifa mais alta.
Além disso, tivemos anos para discutir nosso relacionamento comercial com o Brasil e concluímos que precisamos nos afastar da longa e muito injusta relação comercial gerada pelas tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil. Nosso relacionamento, infelizmente, tem estado longe de ser recíproco.
Por favor, entenda que os 50% são muito menos do que seria necessário para termos igualdade de condições em nosso comércio com seu país. E é necessário ter isso para corrigir as graves injustiças do sistema atual. Como o senhor sabe, não haverá tarifa se o Brasil, ou empresas dentro do seu país, decidirem construir ou fabricar produtos dentro dos Estados Unidos e, de fato, faremos tudo o possível para aprovar rapidamente, de forma profissional e rotineira — em outras palavras, em questão de semanas.
Se por qualquer razão o senhor decidir aumentar suas tarifas, qualquer que seja o valor escolhido, ele será adicionado aos 50% que cobraremos. Por favor, entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil, que causaram esses déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos. Esse déficit é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional!
Além disso, devido aos ataques contínuos do Brasil às atividades comerciais digitais de empresas americanas, bem como outras práticas comerciais desleais, estou instruindo o Representante de Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer, a iniciar imediatamente uma investigação da Seção 301 sobre o Brasil.
Se o senhor desejar abrir seus mercados comerciais, até agora fechados, para os Estados Unidos e eliminar suas tarifas, políticas não tarifárias e barreiras comerciais, nós poderemos, talvez, considerar um ajuste nesta carta. Essas tarifas podem ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo do relacionamento com seu país. O senhor nunca ficará decepcionado com os Estados Unidos da América.
Muito obrigado por sua atenção a este assunto!
Com os melhores votos, eu sou,
Atenciosamente,
DONALD J. TRUMP
PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
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