Empresário ligado à campanha de Onyx Lorenzoni recebeu quantia milionária da Amar Brasil, alvo de investigação por aplicar descontos indevidos em aposentadorias via convênio firmado com o INSS após solicitação feita ainda sob gestão do ex-ministro
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Um doador da campanha de Onyx Lorenzoni (PP-RS) ao governo do Rio Grande do Sul recebeu R$ 17,9 milhões de uma entidade hoje investigada pela Polícia Federal por suposta fraude contra aposentados. O empresário Felipe Macedo Gomes, que contribuiu com R$ 60 mil para a candidatura do ex-ministro da Previdência em 2022, foi beneficiado por repasses da Amar Brasil Clube de Benefícios (ABCB), que firmou um acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pouco após a saída de Onyx do cargo.
A entidade é alvo da Operação Sem Desconto, deflagrada pela PF para apurar um esquema de descontos indevidos aplicados sobre benefícios previdenciários. Desde que obteve autorização para operar, em agosto de 2022, a Amar Brasil faturou R$ 324 milhões descontando mensalmente 2,2% dos valores pagos pelo INSS a aposentados associados.
O pedido para firmar o acordo com o INSS foi apresentado pela ABCB em março de 2022, quando Onyx ainda era o titular da pasta da Previdência. Em agosto, já fora do ministério, o convênio foi oficializado. Um mês depois, a doação de Gomes à campanha foi registrada na Justiça Eleitoral.
De acordo com documentos obtidos pela PF, o valor milionário recebido por Gomes foi transferido pela Amar Brasil por meio da empresa EMJC Serviços, uma firma de consultoria e gestão aberta por ele em dezembro de 2022 com capital social de apenas R$ 20 mil. Na época em que o pedido de convênio foi protocolado, Gomes exercia o cargo de presidente da Amar Brasil.
Onyx Lorenzoni declarou ao Metrópoles desconhecer Felipe Gomes e negou qualquer relação com a entidade investigada. A defesa do empresário, até o momento, não se manifestou publicamente. A Polícia Federal continua apurando a possível relação entre a autorização concedida à Amar Brasil e os repasses milionários posteriores.
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