
Senador diz que país deve se curvar a Trump para evitar “duas bombas atômicas”; Nobel Paul Krugman rebate com dados e acusa os EUA de proteger ditadores. Para o Caso de Política, trata-se de uma fala canalha, covarde e uma chantagem com verniz apocalíptico
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Em entrevista concedida à CNN Brasil nesta quinta-feira (10), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) proferiu uma das declarações mais vergonhosas já registradas na política externa recente do país. De forma absurda, ele afirmou que o Brasil deve se submeter às tarifas impostas por Donald Trump para evitar um desastre comparável aos bombardeios nucleares em Hiroshima e Nagasaki, ocorridos na Segunda Guerra Mundial. Segundo o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, o país não tem poder de barganha e deve aceitar as imposições americanas, ainda que estas venham acompanhadas de chantagens políticas escancaradas.
“A situação tem que ser encarada como uma negociação de guerra em que não estamos em condições normais de exigir nada do Trump. Cabe a nós termos a responsabilidade de evitar que caiam duas bombas atômicas aqui no Brasil”, declarou, ao defender a aprovação imediata da “anistia ampla, geral e irrestrita” para golpistas e agentes políticos ligados ao bolsonarismo.
A fala, classificada por muitos analistas como antinacional e covarde, foi criticada por veículos de imprensa, economistas e membros da sociedade civil. O UOL apontou o tom submisso de Flávio como “vira-lata”, enquanto editoriais da Folha e do Estadão denunciaram a chantagem como rasteira, mafiosa e autoritária. Nas palavras do Estadão, o clã Bolsonaro parece atuar como um “braço interno” de Trump no Brasil. Para o Caso de Política, trata-se de uma fala canalha, covarde e uma chantagem com verniz apocalíptico — um ultraje retórico com potencial destrutivo à imagem do Brasil no cenário internacional.
Na contramão da visão derrotista e chantagista de Flávio Bolsonaro, o economista Paul Krugman, Nobel de Economia em 2008, publicou uma análise contundente classificando as tarifas anunciadas por Donald Trump como “demoníacas” e “megalomaníacas”. Em artigo divulgado em seu Substack, Krugman afirma que a ofensiva tarifária do presidente americano não possui justificativa econômica e tem o único objetivo de punir o Brasil por manter o ex-presidente Jair Bolsonaro sob julgamento legal.
“As exportações brasileiras para os EUA representam menos de 2% do PIB nacional”, explica Krugman. “Trump realmente acredita que pode intimidar um país de dimensões continentais e ainda por cima menos dependente de seu mercado?”, questiona. Para o economista, os EUA deixaram de lado a diplomacia e passaram a prestar um “serviço de proteção a ditadores”.
Dados da Organização Mundial do Comércio citados por Krugman mostram que os principais destinos das exportações brasileiras em 2022 foram China (26,8%), União Europeia (15,2%) e só depois os EUA (11,4%). Com base nisso, ele rebate diretamente a tese de colapso econômico defendida por Flávio Bolsonaro, considerando-a infundada, servil e politicamente canalha.
Enquanto o Nobel apela ao bom senso e à soberania nacional, o senador parece usar a metáfora da bomba atômica não apenas como instrumento de intimidação simbólica, mas como combustível para pressionar o Congresso a aprovar uma anistia que beneficiaria diretamente ele próprio, seu pai Jair Bolsonaro, sua família e os aliados golpistas do ex-presidente. Um tipo de chantagem que beira o terrorismo.
A própria comunidade empresarial brasileira, esperada por bolsonaristas como base para uma “revolta” contra o STF, demonstrou repúdio ao protecionismo de Trump e não aderiu ao roteiro de insurreição traçado pelos aliados de Bolsonaro. Confederações como a CNA e a CNI se manifestaram em defesa do Brasil e contra as sanções americanas. O empresariado pressiona, na verdade, pela defesa do mercado interno, da soberania jurídica e do respeito institucional — e não pela anistia de criminosos políticos.
O episódio evidencia um agravamento na estratégia de sabotagem bolsonarista ao Brasil, com figuras como Flávio e Eduardo Bolsonaro tentando emparedar o Supremo Tribunal Federal sob o pretexto de crise econômica. A cada nova declaração, porém, o clã Bolsonaro se isola, e o apoio internacional ao golpismo murcha. Resta a constatação: ao comparar o Brasil a um Japão prestes a ser bombardeado, Flávio Bolsonaro apenas revela seu desprezo pela dignidade nacional — e sua disposição canalha de usar o medo como chantagem política.
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