
Enquanto dados específicos de Barreiras ainda são escassos, o esgotamento profissional dos docentes na Bahia reflete um quadro nacional preocupante, exigindo atenção imediata. O Sinprofe lidera a conscientização no Dia do Burnout
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A exaustão que apaga a chama da vocação: a Síndrome de Burnout desponta como uma das maiores ameaças à saúde mental dos professores no Brasil, e a Bahia – incluindo cidades como Barreiras – não está imune a essa dura realidade. Em um contexto onde a paixão pela educação muitas vezes colide com condições de trabalho desafiadoras, o esgotamento profissional se tornou uma verdadeira epidemia silenciosa, minando o bem-estar dos educadores e, consequentemente, comprometendo a qualidade do ensino oferecido aos estudantes.
A realidade local e regional, em Barreiras e no estado da Bahia, reflete um problema de escala nacional que demanda atenção e ações coordenadas. No Brasil, a saúde mental dos professores tem sido alvo de estudos crescentes, que revelam um cenário alarmante.
Uma pesquisa ampla da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a UFMG e a Unicamp, divulgada em 2021 – ainda que focada no período pandêmico, revelou tendências preocupantes e persistentes – mostrou que 62% dos profissionais da educação apresentaram sintomas de ansiedade, e 52% sintomas de depressão, condições frequentemente associadas ou precursoras da Síndrome de Burnout. Esses números ressaltam a gravidade da situação, posicionando o esgotamento mental como uma das principais causas de afastamento dos educadores, conforme indicado também pelos dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Levantamentos e revisões acadêmicas realizadas por diversas universidades brasileiras corroboram essa realidade, apontando que entre 30% e 50% dos professores brasileiros apresentam sintomas relevantes de Burnout ou estão em risco elevado de desenvolvê-lo.
No cenário regional da Bahia e dos estados vizinhos, o alerta é vermelho. Estudos acadêmicos e relatórios sindicais em Salvador e em cidades do Nordeste, como Aracaju (SE), indicam alta prevalência de esgotamento e sintomas de Burnout entre os docentes. No interior da Bahia, onde as carências estruturais costumam ser ainda maiores, relatos apontam que a situação é igualmente crítica, com professores enfrentando jornadas extenuantes, turmas superlotadas e falta de suporte adequado.
Em Barreiras, a ausência de estudos locais específicos sobre a Síndrome de Burnout dificulta mensurar com precisão o problema. Entretanto, essa lacuna não significa que a realidade dos educadores barreirenses seja diferente da observada em outras cidades baianas do nordeste. Pelo contrário, a experiência diária nas salas de aula e a crescente demanda sobre os profissionais indicam que o problema é tão presente quanto urgente, refletindo a realidade nacional e regional.
O que é a Síndrome de Burnout e como ela afeta os professores?
A Síndrome de Burnout, ou Síndrome do Esgotamento Profissional, é um distúrbio psíquico marcado por um estado de exaustão física e mental intensa, diretamente relacionado ao ambiente de trabalho. Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um fenômeno ocupacional, ela vai além do estresse comum, sendo uma resposta prolongada a fatores crônicos de pressão no trabalho que não foram adequadamente gerenciados.
Seus sintomas são variados e evolutivos, incluindo:
• Exaustão emocional: sensação constante de cansaço, sobrecarga e falta de energia.
• Despersonalização (ceticismo ou cinismo): desenvolvimento de atitudes negativas e distanciamento emocional em relação ao trabalho e às pessoas (alunos, colegas, pais), com tendência a tratar os outros como objetos.
• Baixa realização pessoal/profissional: sentimento de ineficácia, dificuldade em cumprir tarefas, percepção de fracasso e perda do sentido no trabalho.
• Sintomas físicos e mentais associados: dores de cabeça, insônia, irritabilidade, ansiedade, depressão, dificuldade de concentração, problemas gastrointestinais e baixa imunidade.
Para os professores, os gatilhos são múltiplos e interligados: sobrecarga com diversas turmas e preparação de aulas; infraestrutura precária que compromete a dignidade do ensino; pressão por resultados e avaliações externas; casos crescentes de violência escolar; necessidade de múltiplos vínculos para complementar renda, gerando jornadas exaustivas; e frequente falta de apoio da gestão, da comunidade e até mesmo dos pais.
Esse cenário configura a Síndrome de Burnout como uma verdadeira epidemia dentro do ambiente educacional, impactando diretamente a saúde do educador e a qualidade da educação. Um professor esgotado perde a capacidade de inovar, conectar-se com os alunos e manter o entusiasmo essencial para a prática pedagógica.
Sindicato dos Professores de Barreiras defendem a conscientização e luta por políticas públicas
Frente a esse quadro alarmante, a atuação sindical é fundamental. O Sinprofe – Sindicato dos Professores Municipais de Barreiras – sob a liderança da presidente Maria Aparecida, exerce papel essencial na defesa da saúde e dos direitos dos docentes. O sindicato não apenas denuncia, mas também propõe soluções concretas.
Ao refletir sobre os desafios enfrentados pelos educadores, a liderança do Sinprofe destaca a urgência e a complexidade do tema:
A presidente do Sinprofe, professora Maria Aparecida, afirma:
“Estamos diante de uma verdadeira epidemia de Burnout entre os professores, um problema estrutural que impacta toda a educação pública. Ignorar essa realidade é condenar nossos educadores ao adoecimento e, consequentemente, comprometer o futuro das crianças e jovens. Por isso, é urgente a implementação de políticas públicas robustas que garantam ambientes de trabalho dignos, apoio psicológico constante e valorização real dos professores. Mais do que nunca, é hora de unirmos educadores, gestores, comunidade e sociedade civil para enfrentar esse desafio. O Sinprofe está na linha de frente, lutando por condições que respeitem a saúde mental dos nossos docentes. Só com diálogo, cuidado e ações concretas poderemos reverter essa epidemia silenciosa e assegurar uma educação de qualidade, que valorize tanto quem ensina quanto quem aprende,” alertou.Já a professora Ana Vieira, tesoureira do Sinprofe, reforça esse compromisso:
“O desgaste que os professores enfrentam não é um problema individual, mas reflexo de estruturas que precisam ser transformadas. Sem condições adequadas, suporte emocional e reconhecimento, o comprometimento da saúde mental se agrava e a educação perde sua força. É urgente que construamos políticas públicas efetivas e acolhimento real para esses profissionais, porque cuidar de quem ensina é cuidar do futuro da nossa sociedade,” afirmou.
O sindicato defende campanhas contínuas de conscientização, programas de apoio psicológico e psicossocial, capacitações sobre saúde mental e a criação de ambientes escolares que valorizem o bem-estar docente, com estrutura adequada e redução da burocracia excessiva.
É urgente que as gestões municipal e estadual, em parceria com sindicatos e sociedade civil, formulem e implementem ações preventivas e de cuidado, como a contratação de mais profissionais de apoio, oferta de formação para gerenciamento do estresse, promoção de espaços de escuta e acolhimento, e garantia de condições de trabalho que respeitem os limites e a dignidade dos educadores. A saúde mental dos professores é um pilar essencial para a construção de uma educação pública de qualidade.
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