
Debate no Legislativo evidencia influência política na nomeação de diretores escolares e ecoa críticas do Sindicato dos Professores sobre a desvalorização do mérito na educação municipal
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A nomeação de diretores escolares por indicação política em Barreiras, prática há muito criticada pelo Sindicato dos Professores Municipais de Barreiras (SINPROFE), voltou ao centro das atenções durante sessão da Câmara Municipal, na noite desta terça-feira (26). Em contato com o Portal Caso de Política, a presidente do sindicato, Maria Aparecida Pessoa, reforçou a preocupação da entidade com o atual modelo, pedindo cautela para “não generalizar, porque há bons gestores”. Contudo, Cidinha Pessoa alertou que o fim da gestão democrática nas escolas tem provocado sérias dificuldades:
A presidente do Sindicato dos Professores, Maria Aparecida Pessoa (Cidinha), criticou as indicações políticas para diretores escolares e alertou que a prática enfraquece a gestão democrática e compromete a qualidade da educação em Barreiras. Foto: Print Rede Câmara
“O gestor indicado, quando não faz parte da comunidade escolar, não conhece a realidade e as especificidades do espaço onde vai atuar. Isso compromete a gestão. Além disso, sua autonomia é ainda mais limitada do que a de um gestor eleito, pois sabe que, se não corresponder às expectativas do padrinho político, perde o cargo. Outros sequer têm perfil de gestor: não conseguem administrar conflitos, ao contrário, criam ainda mais situações conflituosas.”
A vereadora Dicíola Baqueiro, em primeiro mandato, admitiu ter indicado diretores para cinco escolas municipais e, em um “sincericídio” parlamentar, defendeu a qualificação dos nomes e negou interferência no cotidiano das unidades
A tensão em torno da escolha dos dirigentes escolares ganhou contornos pessoais no plenário. A vereadora Dicíola Baqueiro, em seu primeiro mandato, assumiu ter indicado nomes para cinco escolas municipais – Costa Borges, Sagrado Coração de Jesus, Presidente Médico, Antôniel Gomes de Andrade e o CMEI do Ribeirão. Em um raro momento de franqueza, interpretado por colegas como um verdadeiro “sincericídio” parlamentar, Dicíola defendeu a qualificação dos indicados e negou interferência em suas rotinas:
“Sou vereadora de primeiro mandato e indiquei diretores para cinco escolas. Não considero que sejam ‘meus’, porque não frequento nenhuma delas. Todos cumprem os requisitos exigidos para o cargo e podem testemunhar que não interfiro no cotidiano. Aliás, até sentem a minha falta, já que é comum vereadores participarem do dia a dia das escolas, mas eu sou contra isso.”
O vereador Alan do Allambick, em tom firme e educado, reagiu às falas sobre indicações políticas, denunciando relatos de ingerência em escolas municipais e alertando que os maiores prejudicados são os alunos
A fala provocou reação imediata do vereador Alan do Allambick, que de maneiraeducada que lhe é contumaz, expôs relatos de ingerência política em unidades escolares.
“Colega, é muito chato ouvir nas ruas que saem de sua parte ordens para que diretores persigam e maltratem colegas. Uma servidora concursada relatou que se sentia humilhada por causa da influência de um determinado vereador. Aqui há parlamentares que nunca foram da área da educação, nunca dirigiram escola, mas vivem se intrometendo. O resultado é conflito entre “seletivados” e concursados. Quem perde com isso são as crianças, e isso não podemos admitir.”
O debate deixou claro que o processo de nomeação política dos diretores permanece como um resquício da gestão do ex-prefeito Zito Barbosa, considerada por críticos como autoritária e prejudicial à valorização do mérito. Esse modelo compromete a autonomia pedagógica e gera impactos sociais e políticos negativos ao desconsiderar a experiência dos educadores. Ainda que a origem esteja em governos anteriores, ficou evidenciado que o atual prefeito, Otoniel Teixeira, manteve o mesmo formato, prolongando o descontentamento de professores, sindicato e da comunidade.
O tema ganhou ainda mais força com a intervenção da vereadora Carmélia da Mata, que pegando carona, apontou falhas na seletiva da Secretaria de Educação, acusando-a de ter sido esvaziada pelo peso da política:
“Ficou muito claro que a seletiva perdeu valor. Não adiantou estudar, apresentar títulos ou formação. O que prevaleceu foi o QI – o ‘quem indica’. Muito profissionais foram aprovados e até hoje não foram chamados, porque os cargos foram entregues por arranjos políticos de alguns colegas vereadores. Isso é um desrespeito com os currículos e trajetórias dos educadores.”
Diante do embate, levanta-se um desafio central: romper com a herança política na gestão escolar e avançar para um modelo que garanta participação comunitária, autonomia pedagógica e valorização do mérito, pilares de uma educação pública mais democrática e respeitosa.
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