
Levantamento detalhado do Portal Caso de Política, com análise ‘frame-by-frame’ de mais de 32 minutos de vídeo, desmistifica alegações de exposição de pacientes por vereador João Felipe, intensificando a crise entre Executivo e Legislativo após denúncias na saúde e ataques retaliatórios
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Uma grave crise institucional se aprofunda em Barreiras (BA) após a divulgação de novas evidências que contrapõem a versão oficial da Prefeitura sobre a fiscalização do vereador João Felipe (PCdoB) no Hospital da Mulher. Em meio a trocas de notas de repúdio e acusações de intimidação política, uma análise técnica realizada pelo Portal Caso de Política sobre o vídeo da fiscalização parlamentar desmente as alegações de exposição indevida de pacientes, adicionando uma nova camada de complexidade ao embate entre Executivo e Legislativo.
O incidente que deflagrou a tensão ocorreu quando o vereador João Felipe, atendendo a denúncias de pacientes, adentrou a maternidade para fiscalizar as condições da alimentação oferecida, descrita como precária – “cuscuz seco e café” e “sopa rala com dois cubos de frango”, inadequada para puérperas e pacientes recém-operadas.
A situação escalou com a chegada da secretária municipal de Saúde, Larissa Barbosa, que confrontou o parlamentar de forma acalorada, impedindo sua saída do local e acusando-o de “invasão inconsequente” e desrespeito às normas sanitárias. A secretária chegou a ameaçar acionar a polícia, em um episódio transmitido ao vivo e que viralizou nas redes sociais.
Em seguida, a Prefeitura de Barreiras emitiu uma nota de repúdio, acusando João Felipe de “invasão inconsequente” a uma área restrita e de “exposição de mulheres internadas a flagrante constrangimento ilegal”. A Câmara Municipal, por sua vez, divulgou uma nota oficial em defesa do vereador, reafirmando seu dever constitucional de fiscalização (amparado pelo Artigo 31 da Constituição Federal e Artigo 52 da Lei Orgânica do Município) e classificando a postura da Prefeitura como “tentativa de intimidação política”. A nota da Câmara ainda apontou contradições, citando visitas anteriores de membros do próprio Executivo, incluindo o Prefeito e a Secretária de Saúde, a unidades de saúde sem a paramentação que agora alegam ser necessária.
Análise ‘Frame-by-Frame’ contrapõe acusações de exposição de pacientes
Diante das acusações de violação de privacidade e exposição de pacientes, o Portal Caso de Política realizou uma análise minuciosa do vídeo original da fiscalização do vereador, utilizando a técnica ‘frame-by-frame’, um sofisticado método de perícia e investigação jornalística, utilizada por perícias judicias e políciais. Esta abordagem meticulosa consiste em examinar cada quadro individualmente de uma sequência de vídeo, permitindo ao Portal Caso de Política identificar detalhes imperceptíveis em tempo real e, assim, verificar a ocorrência de quaisquer irregularidades alegadas com precisão e rigor.
A checagem detalhada das 1.940 imagens capturadas do vídeo postado pelo parlamentar – correspondendo a uma imagem por segundo e, portanto, a um total de 32 minutos e 18 segundos de gravação que abrange a totalidade do vídeo publicado que registra o mesmo tempo – revelou que as alegações de exposição indevida de pacientes não se sustentam. Não foram identificadas nas imagens questões de invasão de privacidade ou exposição indevida de pacientes com seus rostos nítidos, situação que configurasse constrangimento ou mesmo que pudesse identificar pacientes ou supostos acompanhantes.
Pelo contrário, o levantamento apontou que a coordenadora da unidade, identificada como Noemi da clínica, aparece em diversas sequências (entre as imagens 949 e 952; 980 a 986; 1053 a 1054; e 1076 a 1081), indicando que ela própria estaria filmando o vereador. A imagem 1108, que mostra pessoas ao fundo em segundo plano, com cena desfocada, e na confrontação com o vídeo, foi confirmado que o vereador girou seu celular neste exato momento, corroborando sua alegação de não ter exposto deliberadamente as pacientes.
Adicionalmente, a partir da imagem 1111, o vereador já estava em processo de deixar o local que a Prefeitura alegou ser uma área restrita. As demais imagens em JPEG capturas não apresentam qualque nomento relacionados as acusações mostram e boa parte o vereador e a secretária de saúde.
Ante ao grande volume de cenas, fica impossível a sua postagem em totalidade, ficando esses arquivos em arquivo de nossa redação.
Escalada de tensão e reafirmação da independência legislativa
Logo após a repercussão do incidente e a fiscalização questionada pela secretária, uma onda de ataques se intensificou contra o vereador João Felipe, incluindo a circulação de um vídeo apócrifo que exibia pacientes com seus rostos encobertos ou desfigurados, buscando deslegitimar a ação fiscalizadora.
Ainda que as tensões se acirrem, a Câmara Municipal de Barreiras, que recentemente retornou do recesso parlamentar, reafirmou sua tônica de independência e o compromisso com a fiscalização. Em pronunciamentos recentes, integrantes da mesa diretora, como o presidente Yuri Ramon, enfatizaram a autonomia do Legislativo e o dever de defender os interesses da população. A Casa prometeu intensificar as fiscalizações nas unidades de saúde e encaminhar o caso ao Ministério Público para apuração.
O cenário é agravado por uma série de exonerações estratégicas na Secretaria de Saúde, publicadas no Diário Oficial logo após o episódio, e por críticas do próprio Governador Jerônimo Rodrigues à gestão municipal da saúde, o que corrobora a pertinência da fiscalização parlamentar.
O quadro em Barreiras evidencia não apenas um confronto político, mas uma profunda crise institucional que coloca em xeque a transparência da gestão pública e a capacidade de fiscalização do Poder Legislativo. O desdobramento deste embate promete ser um teste crucial para a autonomia dos poderes no município.
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