
Imagem: Print do vídeo Dircom
Publicada na Resolução RDI – 07/25, a decisão se baseia em ofício da PM que aponta graves falhas de segurança no Geraldão, vetando a partida e desmascarando a obra entregue em ato eleitoreiro por Zito Barbosa e celebrada horas antes pelo atual prefeito, Otoniel Teixeira
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O apito final soou antes mesmo do início do jogo. Em uma decisão que expõe uma monumental peça de ficção administrativa e política, a Federação Baiana de Futebol (FBF) suspendeu o aguardado clássico regional entre as seleções de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, que aconteceria às 15h deste domingo (24), pela 3ª rodada do Campeonato Baiano Intermunicipal Ednaldo Rodrigues Gomes. O motivo, detalhado na Resolução de Diretoria RDI – 07/25, é tão simples quanto estarrecedor: o Estádio Geraldão, palco de duas cerimônias de inauguração, não possui a menor condição de garantir a segurança de quem quer que pise em suas dependências.
Ver a íntegra do documento ao final desta matéria.
A medida drástica da FBF foi uma resposta direta ao Ofício nº CPO 368/2025, emitido pelo Comando de Policiamento da Região Oeste (PMBA/CPR-O) em 22 de agosto. O documento, citado nominalmente na resolução, é demolidor ao afirmar que o estádio “possui diversos detalhes que comprometem a segurança de qualquer evento que venha a ocorrer no seu interior”. A resolução vai além e revela o nó górdio do problema: a PM só pode autorizar o policiamento de um evento após a liberação do 17º Batalhão de Bombeiro Militar de Barreiras, o que, evidentemente, não ocorreu. Ou seja, a estrutura recém-celebrada não passou pelo crivo técnico mais básico.
Este fiasco seria apenas um caso de incompetência se não fosse o roteiro tragicômico que o antecede. A polêmica começa com a “inauguração” da obra pelo então prefeito Zito Barbosa, em uma cerimônia apressada em 3 de outubro de 2024, a três dias das eleições. A pressa para cortar a fita e capitalizar votos atropelou a necessidade de laudos e vistorias. Para tornar o roteiro ainda mais surreal, a segunda celebração, com direito a discurso do atual prefeito, Otoniel Teixeira, aconteceu neste mesmo domingo (24), horas antes do horário marcado para a partida. Empunhando o microfone no centro do gramado, o gestor declarou solenemente:
“A partir de hoje, o Estádio Municipal Geraldão está entregue aos desportistas da nossa cidade. Viva o nosso campeonato, viva a nossa seleção, viva o esporte de Barreiras!”
A fala, que ecoou com o otimismo de um dia de festa, foi tragada pela realidade poucas horas depois. Enquanto o prefeito entregava simbolicamente o estádio aos atletas, a FBF, baseada nos laudos técnicos, já oficializava que a arena não estava pronta para receber nem o campeonato, nem a seleção, e muito menos os torcedores com a segurança necessária.
Agora, o futuro do estádio no campeonato é nulo até segunda ordem. O artigo 2º da resolução da FBF é taxativo: a partida não será reprogramada até que a federação “receba documento oficial do 17º Batalhão de Bombeiro Militar – Barreiras ou mesmo do Comando de Policiamento da Região Oeste” atestando que a segurança está garantida. Além disso, os Departamentos de Competições e Jurídico da FBF ficarão em “regime continuado de avaliação” sobre a praça esportiva.
Para os anais da política local, o Geraldão se consagra como o estádio com mais cerimônias de inauguração do que jogos oficiais. Um troféu constrangedor que pertence, indiscutivelmente, aos que priorizaram o palanque em vez da prudência.
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