
No Aeroporto do Galeão, pastor investigado por envolvimento em trama golpista transforma abordagem da PF em espetáculo político, atacando o STF e alegando perseguição religiosa, enquanto evidências revelam sua atuação como articulador radical contra o Estado de Direito
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Silas Malafaia protagonizou um ato de forte conotação política na noite de quarta-feira (20), ao ser abordado pela Polícia Federal no Aeroporto do Galeão. Com discurso inflamado, gestos agressivos e voz alternando entre indignação e desafio, ele converteu uma diligência judicial em palanque público, acusando o ministro Alexandre de Moraes de “ditadura” e se colocando como vítima de “perseguição religiosa”. A narrativa, porém, desmorona diante das provas que o mostram não como líder espiritual sob ataque, mas como agente político radicalizado, peça central em ações de coação contra o Poder Judiciário.
Ao desembarcar e ser informado sobre a apreensão de seu passaporte e celular, Malafaia iniciou a encenação. Cercado por apoiadores previamente mobilizados, gritou contra a operação: “Apreender meu passaporte, eu não sou bandido!”, com o rosto contraído em fúria. Ao desafiar a ação judicial — “Vai ter que me prender para me calar” —, deixou claro que não se submetia à lei, tratando a medida como tirania pessoal do ministro Moraes.
O que ele omite em seu espetáculo é o mérito da investigação. A decisão de Moraes, sustentada por relatório da Procuradoria-Geral da República, indica Malafaia como “orientador e auxiliar das ações de coação” de Jair e Eduardo Bolsonaro contra a Justiça. Provas reunidas pela PF mostram-no ditando estratégias, planejando postagens e coordenando narrativas para deslegitimar instituições, reforçando sua atuação como operador político, não apenas pregador religioso.
Sua negação de ter orientado Eduardo Bolsonaro — “Quem sou eu para orientar o Eduardo Bolsonaro?” — contrasta diretamente com áudios em que ele próprio detalha ter repreendido o deputado, evidenciando a tentativa de transmutar acusações criminais em suposta perseguição religiosa.
Nesse contexto, a firmeza de Alexandre de Moraes não configura perseguição, mas a aplicação da lei a um cidadão suspeito de crimes graves contra o Estado Democrático de Direito. A operação não mira o púlpito, mas a articulação política nos bastidores que objetivava ruptura institucional.
Ao se vitimizar, Malafaia busca um escudo sagrado, tentando transformar responsabilidade criminal em imunidade política. Sua reação no aeroporto não foi o desabafo de um homem de fé injustiçado, mas o ato calculado de um operador político que recorre à manipulação da crença de seus seguidores ao ser confrontado pela Justiça.
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