
Professor da UFRJ aponta que operação “antidrogas” esconde disputa geopolítica, enquanto Caracas reage com demonstração de força militar sem precedentes
Caso de Política com Agências – A escalada de tensões entre Estados Unidos e Venezuela atingiu um novo patamar nesta quarta-feira (20), com o envio de navios de guerra norte-americanos para o Caribe e a resposta de Nicolás Maduro, que mobilizou 4,5 milhões de reservistas de sua força popular. Para analistas, o confronto pode abrir um perigoso precedente de intervenção militar direta na região, afetando não apenas Caracas, mas também a soberania de outros países da América do Sul, inclusive o Brasil.
Em entrevista à Revista Sociedade Militar, o professor Bernardo Salgado Rodrigues, do Instituto de Relações Internacionais e Defesa da UFRJ, afirmou que a justificativa oficial de Donald Trump – de combater cartéis de drogas – serve apenas como fachada para uma disputa geopolítica mais ampla. Segundo ele, a movimentação de destróieres, submarinos e aeronaves espiãs indica que Washington voltou a tratar a América do Sul como “quintal estratégico”, numa tentativa de conter a influência chinesa e enfraquecer blocos regionais como o Mercosul.
“Os geoestrategistas estadunidenses relançaram suas bases para o século XXI, retomando o controle regional e trazendo novamente a América do Sul e o Brasil para o radar do Big Game”, avaliou o professor.
A ameaça se materializou com o deslocamento dos navios USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson, que devem alcançar a costa venezuelana ainda nesta noite, segundo informações da agência Reuters, reproduzidas pelo Diário do Centro do Mundo. A Casa Branca, em tom beligerante, reafirmou que “todas as opções permanecem sobre a mesa” e classificou o governo de Maduro como um “cartel de narcoterroristas”. Paralelamente, aumentou a recompensa pela captura do presidente venezuelano para US$ 50 milhões.
Caracas reagiu com firmeza. Em pronunciamento transmitido pela televisão estatal, Maduro anunciou a mobilização de 4,5 milhões de reservistas da Força Armada Nacional e prometeu armar a população para defender o país.
“Fuzis e mísseis para a força camponesa! Para defender o território, a soberania e a paz da Venezuela”, declarou. O ministro da Defesa, Vladimir Padrino Lopez, ironizou as acusações de Trump, dizendo que os EUA tentam encenar um “filme de faroeste hollywoodiano”.
A disputa, que mistura retórica militar, pressões econômicas e interesses estratégicos, reforça a instabilidade no continente e gera alerta em Brasília. Especialistas avaliam que o conflito, caso avance, pode atingir diretamente o Brasil em questões diplomáticas, comerciais e de segurança regional.
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