
Com “precisão cirúrgica” e a veemência de quem vive e conhece a cultura local, o jovem parlamentar expôs um cenário de abandono, desvalorização e falha administrativa durante a Tribuna Popular na Câmara de Barreiras, exigindo transparência e respeito aos artistas e ao orçamento público
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Em uma sessão marcada pela emoção e denúncias contundentes, a Câmara Municipal de Barreiras sediou, na noite de quarta-feira, 27 de agosto, uma Tribuna Popular dedicada ao tema “Cultura: Desafios e Propostas para a Gestão Pública Municipal”. Proposto pelo presidente da Casa, vereador Yure Ramon, o evento teve como destaque o pronunciamento do vereador João Felipe (PCdoB), que apresentou um quadro detalhado do que classificou como desrespeito e negligência do Executivo em relação ao setor cultural.
João Felipe iniciou sua fala exaltando figuras cruciais da cultura barreirense, como Mãe Glorinha, Baba Cláudio, Osmarzinho e, especialmente, Diva, descrita por ele como “um exemplo de diretora de cultura”. Lembrou que, antes da existência da Secretaria de Cultura, Diva liderou uma política pública efetiva com recursos municipais – um feito que o vereador reivindicou publicamente. Ele qualificou a saída de Diva como uma injustiça, destacando:
“Ela é uma mulher de sensibilidade, uma mulher preta, corajosa. Essa justiça precisa ser feita hoje publicamente. Pode se passar tempos, mas a hora chega de se fazer justiça.”
O parlamentar criticou duramente a ausência de representantes da Secretaria de Cultura no encontro. Com indignação, afirmou que o Executivo deveria ser “mais participativo” e “estar bastante presente aqui para ouvir”. João Felipe não aceitou a justificativa da falta de recursos:
“Tem recurso! Nós temos um orçamento de quase 1 bilhão de reais.” Ele revelou que o Fundo Municipal de Cultura, aprovado no ano anterior, destinava pouco mais de 19 milhões de reais, mas denunciou que a Câmara, “na sua maioria, deu cheque em branco ao prefeito”, permitindo o remanejamento rotineiro desses valores, que, segundo ele, são tirados justamente da cultura.
Defendendo os artistas, João Felipe relatou que é “vergonhoso” que “os fazedores de cultura estejam passando o chapéu e pedindo ajuda, parando num semáforo, fazendo pedágio”. Ele ressaltou que a cultura não é favor, mas sim “política pública”, e que a situação de indignidade vivida atualmente em Barreiras precisa ser alterada.
O vereador citou leis municipais como evidência do descaso: Dia Municipal de Combate à Intolerância Religiosa, reconhecimento da capoeira, criação da Semana Municipal de Juventude e leis de utilidade pública para associações de artesãos. Para ele, o problema não é a falta de instrumentos legais, mas a ausência de interesse em aplicá-los. João Felipe também lembrou que a Festa de Oxum e Iemanjá, incluída no calendário municipal graças à sua atuação, passou a ser realizada “independente da religião, independente de qualquer circunstância”.
Com senso crítico, questionou a nomeação de um “motorista do secretário” como subdiretor na pasta da Cultura, com salário significativo, afirmando que a função “deveria ser ocupada por um técnico, por qualquer uma dessas pessoas que conhecem a cultura e vivem a cultura de Barreiras”.
Em gesto firme, apresentou um ofício enviado em julho à Secretaria de Cultura solicitando informações sobre escolas municipais de teatro e música, mas que até o momento não recebeu resposta. Exigiu que a Secretaria “não faça convite, tem que convocar o secretário de cultura, porque convite se faz para quem respeita a gente, e [a Secretaria] não respeita este parlamento”. Finalizou clamando pela intervenção do Ministério Público para responsabilizar a prefeitura pela manutenção do Centro Histórico, o “coração da cultura”, que se encontra em estado de abandono: “Ou faz, ou faz!”, conclamou o vereador.
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