
Agentes da PF, em conjunto com as receitas federal e estadual fizeram buscas e apreensões em endereços na Faria Lima. Foto: Werther Santana/Estadão
Megaoperação atinge 42 empresas e fundos; investigações apontam que pressão digital de Nikolas Ferreira ajudou a blindar facção no mercado financeiro
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A Polícia Federal realizou nesta quinta-feira (28) a maior operação já registrada contra a infiltração do crime organizado na economia formal. A Operação Carbono Oculto mobilizou 1.400 agentes em dez estados, cumprindo 200 mandados de busca e apreensão em 350 alvos ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital). Só na Avenida Faria Lima, coração do mercado financeiro de São Paulo, foram atingidas 42 empresas, corretoras e fundos de investimento.
O esquema, segundo a PF e o Gaeco, envolvia adulteração de combustíveis, crimes ambientais, lavagem de dinheiro do tráfico de drogas e estelionato. A Receita Federal estima sonegação de R$ 1,4 bilhão em tributos, enquanto o CIRA/SP pede bloqueio de bens para recuperar R$ 7,7 bilhões em impostos estaduais. Apenas o BK Bank teria movimentado R$ 17,7 bilhões em operações suspeitas.
Entre os alvos está a Reag Investimentos, uma das maiores gestoras independentes listadas na B3. Empresários como Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Loco”, e Mohamad Hussein Mourad, do antigo grupo Aster/Copape, aparecem como líderes da rede, em associação ao Grupo Refit (ex-Manguinhos), de Ricardo Magro, ex-advogado de Eduardo Cunha. O objetivo, segundo a investigação, era controlar o setor de combustíveis por meio de empresas de fachada e operadores ligados a Marcola, líder do PCC.
As medidas judiciais determinaram a indisponibilidade de quatro usinas de álcool em São Paulo, cinco administradoras de fundos, cinco redes de postos com mais de 300 endereços e 17 distribuidoras de combustíveis. O esquema também incluía a importação irregular de metanol pelo Porto de Paranaguá (PR), usado para adulterar gasolina.
Paralelamente, as autoridades identificaram que ao menos 40 fintechs e fundos de investimento na Faria Lima serviam como engrenagem financeira do PCC. Esses veículos operavam como “bancos paralelos”, com contas-bolsão que dificultavam o rastreamento e movimentaram R$ 46 bilhões entre 2020 e 2024.
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— Nikolas Ferreira (@nikolas_dm) January 15, 2025
Segundo a Receita, a derrubada de uma portaria que previa fiscalização de transações digitais acima de R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para empresas fragilizou o combate ao esquema. A medida foi revogada após pressão digital impulsionada por fake news divulgadas pelo deputado Nikolas Ferreira (PL), que viralizou ao afirmar falsamente que haveria “taxação do Pix”.
O secretário da Receita, Robinson Barreirinhas, afirmou que “as operações de hoje mostram quem ganhou com essas mentiras”. Para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a ofensiva mostrou que o Estado precisa integrar de forma permanente Receita, PF e Ministérios Públicos: “Contra o crime organizado, tem de dar uma resposta organizada”.
⏯️ PCC: Fake News sobre Pix ajudou o crime organizado, diz secretário da Receita após operação
Segundo a investigação, organização criminosa usava fintechs para lavar dinheiro obtido com atividades ilícitas.
“Temos que voltar a discutir essa regulamentação”, afirmou Robinson… pic.twitter.com/LhrQ8Lugu3
— Metrópoles (@Metropoles) August 28, 2025
A operação expôs a dimensão do poder econômico do PCC, capaz de controlar distribuidoras, postos, usinas e fundos de investimento, criando um cartel que impactava preços, abastecimento e até o financiamento de lobistas em Brasília.
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