
Foto: Washington Costa/MF
Ministro da Fazenda vê sinal positivo na reaproximação entre Brasil e Estados Unidos e afirma que os presidentes buscam superar desentendimentos causados pelas tarifas impostas a produtos brasileiros
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (7) que tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto o presidente norte-americano, Donald Trump, estão determinados a “virar esta página equivocada” nas relações entre Brasil e Estados Unidos, marcada pela recente imposição de tarifas sobre produtos brasileiros.
A declaração foi dada durante entrevista ao programa Bom Dia, Ministro, da EBC, um dia após a conversa telefônica entre os dois chefes de Estado. Haddad, que acompanhou o diálogo, disse que a conversa foi “positiva e produtiva” e que deve abrir caminho para uma retomada das negociações comerciais.
“Vamos nos acertar porque a determinação dos dois presidentes é de virar esta página equivocada, na minha opinião, que marcou os últimos dois meses da relação entre os países. É uma medida que realmente não faz sentido, são duas nações com uma longa história de cooperação”, afirmou o ministro.
As tarifas impostas por Washington entraram em vigor no início de agosto, ampliando tensões diplomáticas. Ao anunciar a medida, Trump chegou a mencionar a “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado pelo Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe. Em retaliação simbólica, os Estados Unidos suspenderam vistos de ministros da Corte e aplicaram sanções contra o ministro Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky.
Haddad atribuiu parte da crise à desinformação sobre o funcionamento das instituições brasileiras. Segundo ele, o governo norte-americano começa a compreender melhor o contexto político e jurídico do Brasil, o que contribui para a redução das tensões.
“Essa largada equivocada vai ser superada. As informações estão chegando com mais veracidade ao governo americano, o que ajuda a assentar a poeira e abrir caminho para algo produtivo e edificante”, disse.
O ministro revelou ainda que a ligação entre Lula e Trump abriu espaço para novos contatos diplomáticos. Ele deve aproveitar sua viagem aos Estados Unidos para as reuniões do G20, Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI) e tentar agendar encontros bilaterais com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent.
“Não sei se vai acontecer, porque tenho uma agenda doméstica intensa, mas devo fazer algum movimento até o fim da semana para saber da disponibilidade e do interesse deles”, afirmou.
Trump também designou o secretário de Estado, Marco Rubio, para dar sequência às tratativas com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o próprio Haddad. O ministro disse que ainda não há um protocolo definido, mas se mostrou confiante:
“Nós vamos nos acertar.”
Para Haddad, o governo brasileiro deve manter sua postura nas negociações, pois a diplomacia adotada até agora tem surtido efeito. Ele ressaltou que as tarifas também têm impacto negativo sobre os próprios Estados Unidos.
“Eles estão com o café da manhã mais caro, pagando mais pelo café e pela carne. Estão deixando de ter acesso a produtos brasileiros de alta qualidade, inclusive industriais. Essas medidas prejudicaram mais do que favoreceram os EUA”, avaliou.
O ministro acredita que a reaproximação entre os dois governos pode marcar o início de uma nova fase nas relações bilaterais, com maior abertura ao diálogo e menos interferência ideológica. Para ele, a cooperação econômica e o respeito institucional devem voltar a ser a base da parceria histórica entre Brasil e Estados Unidos.
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