
Imagem: Ton Molina – Estadão
Anúncio feito por Jair Bolsonaro reposiciona o núcleo familiar no comando da sucessão e intensifica tensões entre governadores aliados, Michelle e Eduardo Bolsonaro, em meio à prisão preventiva do ex-presidente
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A confirmação de que Jair Bolsonaro escolheu o filho Flávio como candidato do clã para 2026 reorganiza o jogo interno da direita e expõe, com maior nitidez, as fissuras que vinham se acumulando desde a prisão preventiva do ex-presidente. O anúncio, feito pelo próprio senador em suas redes sociais, coloca fim à disputa pública — mas não necessariamente aos conflitos subterrâneos que atravessam o bolsonarismo.
Flávio, que até novembro negava qualquer intenção de concorrer ao Planalto e se dizia inclinado à reeleição no Senado, agora assume uma retórica de missão: “continuar o nosso projeto de nação”, como afirmou ao comunicar a decisão atribuída ao pai. O gesto é simbólico. Mesmo sob restrições judiciais, Jair Bolsonaro busca preservar o controle sobre sua própria sucessão, reafirmando sua centralidade e limitando o avanço de atores que tentavam ocupar o espaço deixado por ele.
Nos bastidores, a movimentação do senador não é exatamente nova. Desde a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, Flávio atuava como articulador informal, mediando conversas, alinhando discursos e mantendo a interlocução com aliados do PL e de setores conservadores. Sua designação oficial como sucessor, porém, redistribui o peso político de forma mais contundente — e nem todos os aliados sairão satisfeitos.
Governadores como Ronaldo Caiado, Romeu Zema e Ratinho Jr. já testavam seus nomes entre apoiadores do bolsonarismo, enquanto Tarcísio de Freitas despontava como favorito entre quadros ideológicos e empresariais, ainda que sem assumir formalmente a intenção de concorrer. A escolha por um sucessor familiar reduz drasticamente o espaço desses nomes e tende a intensificar tensões até aqui contidas por conveniência política.
No núcleo familiar, a disputa também foi dura. Michelle Bolsonaro investia na consolidação de sua imagem como liderança nacional e Eduardo Bolsonaro chegou a anunciar que concorreria mesmo sem o apoio do partido, numa demonstração de que a disputa extrapolava a política institucional e atingia diretamente a hierarquia interna da família.
Ao assumir a condição de escolhido, Flávio tenta reunificar o campo com um discurso de proteção da “esperança das famílias” e da “democracia”, invertendo narrativas e apostando na força simbólica do pai para neutralizar resistências. Resta saber se esse movimento será suficiente para recompor uma base que, há meses, opera em múltiplas direções.
A escolha resolve a sucessão? Apenas em aparência. Na prática, marca o início de uma nova fase: a tentativa — complexa e incerta — de reconstruir unidade num campo em que todos os protagonistas já mediram força, e em que a influência de Jair Bolsonaro, embora ainda determinante, passa a conviver com limites jurídicos, políticos e estratégicos que tornarão o caminho até 2026 mais disputado do que o anúncio sugere.
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