Documento convocatório traz ‘vacina jurídica’ contra novas manobras de laranjas; Bira Lisboa avaliza processo que isola Prefeito Neo e barra influência externa
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A longa “estiagem” de instabilidade política na Câmara Municipal de Formosa do Rio Preto tem hora marcada para acabar. Às 18h desta quarta-feira (10), o plenário deve sacramentar a derrota da articulação governista e a ascensão de uma “Frente Ampla”. O Edital nº 04/2025, publicado pelo presidente interino Sandoval Queiroz, não é apenas uma convocação: é uma peça de engenharia jurídica desenhada para estancar a sangria institucional provocada pela queda de braço entre o grupo do ex-interino Joílson do Sucuriú e a maioria dos vereadores.
Clique aqui e leia a íntegra do Edital.
A blindagem do Edital e a supressão de prazos
Sob uma análise minuciosa do documento publicado hoje, percebe-se que a presidência interina adotou cautelas extremas para evitar uma nova judicialização – tática que vinha sendo usada pelo misterioso autor popular Vilmar Rodrigues de Carvalho.
O texto do edital opera com precisão cirúrgica ao citar a supressão dos prazos regimentais. Ao amarrar o ato estritamente à Sentença ID 531368898 e à decisão liminar do Tribunal de Justiça, o documento cria uma “vacina” contra alegações de cerceamento de defesa ou ritos acelerados. O uso das expressões “ancorado no art. 15” e “escudado nos termos do art. 30” revela que a Casa se preparou para uma guerra de liminares, fechando as brechas que permitiram, até ontem, que manobras protelatórias mantivessem Joílson no poder.
A articulação: oposição como fiel da balança
A composição da nova Mesa Diretora reflete a implosão da base do Prefeito Neo, que viu sua maioria de oito vereadores minguar para quatro. A chapa de consenso, costurada para garantir governabilidade e impedir a influência de operadores políticos externos, traz uma novidade estratégica: a eventual concessão da 1ª Secretaria para a oposição.
Fontes confiáveis ouvidas pela reportagem anteciparam a provável composição da chapa que deve ser registrada nas próximas horas. O desenho político aponta para a seguinte configuração:
- Presidente: Odília Naia (Ex-base, agora independente);
- Vice-Presidente: Meletinha;
- 1º Secretário: Lúcio (Oposição/Progressistas);
- 2º Secretário: Carlinhos.
A articulação para colocar Lúcio na estratégica 1ª Secretaria – posto chave que controla a administração de pessoal e os atos burocráticos – não é por acaso. O movimento atende diretamente à exigência feita pela vereadora Manuela da Saúde por maior transparência e serve como uma “trava de segurança” que isola, de vez, quaisquer narrativas de que estaria ocorrendo um golpe político.
A validação de Bira Lisboa
Procurado pelo Caso de Política, o líder da oposição, Bira Lisboa, foi enfático ao validar o rito desta quarta-feira e as falas do vereador Robertinho Andrade proferidas durante a sessão ordinária ocorrida na terça-feira (09). Para Bira, o momento exige responsabilidade suprapartidária:
“O que estamos vendo hoje não é sobre esquerda ou direita, situação ou oposição. É sobre o resgate da dignidade do Poder Legislativo. A oposição, que pode aceitar – ou não – compor a Mesa na 1ª Secretaria, não está aderindo ao governo, mas sim garantindo que a Casa tenha fiscalização interna, transparência e que cessem as manobras jurídicas de terceiros que tentam governar o legislativo de fora para dentro. A Câmara volta hoje para as mãos dos vereadores eleitos pelo povo.”
O “fantasma” Vilmar e o silêncio da defesa
Toda a celeuma jurídica recente teve como pivô as ações impetradas por Vilmar Rodrigues de Carvalho, figura desconhecida nos meios políticos locais e apontada em áudios que circulam livremente na cidade como um suposto “laranja” utilizado para derrubar o ex-presidente Hermínio e beneficiar a ascensão de Joílson.
A reportagem do Caso de Política tentou contato com a defesa jurídica de Vilmar Rodrigues para comentar a realização da eleição de hoje e as acusações de uso político da justiça, mas até o fechamento desta matéria não houve retorno. O espaço democrático segue aberto para manifestação de seus advogados, bem como do vereador Joílson do Sucuriú.
Enquanto o silêncio impera do lado dos autores das ações, o plenário se prepara. O recado do Edital é claro: a “novela mexicana” descrita pela população tem seu capítulo final agendado para logo mais, a partir das 18 horas.
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