Negócios de Elon Musk enfrentam desafios após associação a interesses da extrema direita

“Vamos dar golpe em quem quisermos”, disse Musk em 2020

Caso de Política com UOL – Os empreendimentos de Elon Musk passam por um período de declínio, especialmente após sua vinculação aos interesses da extrema direita. Segundo David Nemer, professor do Departamento de Estudos de Mídia da Universidade da Virgínia, em entrevista ao portal UOL, o comportamento recente de Musk é descrito como “cachorro acuado”.

O principal revés de Musk pode ser observado na empresa X (antigo Twitter), adquirida por ele por US$ 44 bilhões. No entanto, em janeiro deste ano, a companhia foi avaliada em apenas US$ 12,5 bilhões, sofrendo uma desvalorização de mais de 70% em um ano e meio.

“Neste cenário, o Brasil emergiu como um dos maiores mercados para a empresa X. No entanto, o número de usuários ativos vem declinando, o que consequentemente reduziu o interesse de anunciantes”, ressalta Nemer.

Outro braço dos negócios de Musk que enfrenta dificuldades é a empresa Tesla. Entre 2022 e 2023, o lucro antes de impostos da empresa caiu de US$ 13,7 bilhões para US$ 9,9 bilhões.

Além dos desafios financeiros, Musk também enfrenta críticas no Brasil. Em agosto de 2023, o Ministério da Educação lançou um edital para contratação de internet via satélite para escolas sem acesso à fibra óptica, no qual apenas a Starlink, empresa de Musk, poderia participar. Após pressão da imprensa, o governo revogou o edital, retirando essa exigência. A Starlink então desistiu do contrato.

“Podemos dizer que ele está agindo de forma desesperada devido a isso”, conclui David Nemer.

Em 2020, Musk causou polêmica ao publicar um tuíte com a frase: “Vamos dar golpe em quem quisermos. Lide com isso”, durante uma crise política na Bolívia após a renúncia do presidente Evo Morales.

O professor de ciências políticas da FGV, Guilherme Casarões, destacou em reportagem do UOL, que esse episódio marcou o alinhamento público de Musk com posições defendidas por Donald Trump, então presidente dos Estados Unidos.

“Até 2018, 2019, Musk parecia desinteressado em política partidária. Não tinha posicionamento declarado e chegou a afirmar que havia votado no partido democrata. Não havia indícios claros de que ele iria adotar uma posição tão radicalizada da extrema direita. Mas alguns sinais começaram a aparecer”, comenta Casarões.

Ele classifica o episódio como uma “trollagem”, marcando o início das provocações à esquerda na internet. Musk, no entanto, negou qualquer envolvimento em conspirações e destacou que a Tesla compra lítio da Austrália, não da Bolívia.

Recentemente, Musk inflamou a rede bolsonarista ao atacar o ministro do STF Alexandre de Moraes, o que, segundo especialistas ouvidos pelo UOL, une os interesses comerciais do bilionário aos objetivos políticos e eleitorais dos seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro.


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