
Tribuna Popular expõe a precariedade da gestão cultural, ausência da Secretaria e descumprimento de leis; artistas denunciam desvalorização e apresentam propostas para reverter o cenário
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Em meio a intensos debates e denúncias, a oitava Tribuna Popular de 2025, realizada na noite de quarta-feira (27), na Câmara Municipal de Barreiras, revelou o profundo descontentamento da classe artística com a gestão cultural do município. Produtores e fazedores de cultura denunciaram negligência, falta de transparência e ausência de políticas efetivas, cobrando respeito, valorização da arte local e a implementação de leis já existentes.
Proposta pelo presidente da Casa, vereador Yure Ramon, a escuta teve como tema “Cultura: Desafios e Propostas para a Gestão Pública Municipal”. O tom crítico foi estabelecido logo na primeira fala, com o discurso contundente de Danilo Lima.
Na Tribuna Popular, Danilo Lima transformou números e ausências em denúncia: a desigualdade no repasse de recursos culturais, que favorece segmentos específicos enquanto a tradição afro-brasileira segue desvalorizada, revela um desequilíbrio que ele classificou como risco de “racismo religioso”. Ao lembrar que o Salão de Artes Visuais da Bahia ocorreu em Barreiras sem apoio da prefeitura, provocou: “Onde está a gestão municipal? Essa é a cultura que a Capital do Oeste merece?”
Daniel Lima apontou a disparidade nos recursos destinados ao setor, destacando que a cultura tradicional afro-brasileira recebe “muito pouco”, enquanto o segmento evangélico concentra verbas significativamente maiores. O desequilíbrio, segundo ele, pode gerar questionamentos sobre “racismo religioso”. Em seguida, lembrou que o Salão de Artes Visuais da Bahia, conquistado para Barreiras em 2011 após forte mobilização da sociedade civil, neste ano ocorreu na Casa Amarela sem apoio da prefeitura.
“Onde está a prefeitura? Essa é a cultura que a Capital do Oeste merece?”, questionou.
A ausência de representantes da Secretaria de Cultura na escuta pública causou indignação entre os vereadores. Allan classificou a falta como uma “vergonha” e um “desrespeito total”, cobrando providências imediatas da Câmara.
Ramon Souza denunciou o abandono da cultura em Barreiras, citou o descaso com o Centro Cultural e provocou o Legislativo: “Quantos vereadores colocam a cultura em sua pauta?”
O ator e produtor cultural Ramon Souza, da Companhia Teatrando, reforçou as críticas, lembrando que Barreiras sancionou em 2014 a Lei Municipal que criou o Sistema Municipal de Cultura – com Conselho, Plano e Fundo –, mas que jamais saiu do papel. Ele denunciou a prática da “política de balcão”, a desestrutura da pasta e o abandono do patrimônio cultural, citando o Centro Cultural Rivelino Silva de Carvalho como exemplo de descaso. Também criticou a inércia do próprio Legislativo:
“Quantos vereadores colocam a cultura em sua pauta?”.
Carol Pamplona Barbosa, gestora cultural da Casa Amarela, denunciou falhas na aplicação das Leis Paulo Gustavo e PRONAC em Barreiras. Segundo ela, os prazos apertados para inscrição, valores reduzidos e ausência de critérios claros expõem o descompromisso da gestão, agravado pela falta de transparência nos pareceres e exclusão de artistas locais
Na mesma linha, Carol Pamplona Barbosa, gestora cultural da Casa Amarela, apresentou dados sobre falhas na execução das Leis Paulo Gustavo e PRONAC em Barreiras. Criticou prazos exíguos para inscrição – alguns de apenas 3 ou 11 dias –, valores irrisórios para projetos (R$ 2.500 a R$ 3.000) e a ausência de critérios claros na seleção. Para ela, a falta de divulgação dos pareceres técnicos e a não participação dos artistas locais em editais revelam o descompromisso da gestão.
Carol comparou Barreiras a cidades vizinhas como Ibotirama, que realiza seu 49º Festival de Música e 41º Festival de Poesia, e citou a FLIBARG como exemplo de evento estadual que valorizou artistas locais, em contraste com a FLIB municipal, que privilegiou nomes de fora. Ela também lamentou a suspensão do Carnaval Cultural em 2025, que havia sido bem-sucedido no ano anterior, com apoio da Lei Paulo Gustavo.
Entre as propostas apresentadas, destacou-se a reativação e fortalecimento do Conselho de Cultura, a atualização da Lei de 2014, a elaboração e cumprimento de um Plano Municipal de Cultura, a valorização de artistas locais nos editais, a criação de uma Agenda Cultural e a revitalização do Centro Cultural Rivelino Silva de Carvalho.
Os participantes foram unânimes: sem diálogo, escuta ativa e compromisso político, Barreiras não terá um sistema cultural sólido nem políticas públicas capazes de valorizar sua produção artística e patrimônio imaterial.
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