
Confronto entre secretária Larissa Barbosa e vereador João Felipe escancara caos na saúde pública; Diário Oficial registra exonerações estratégicas e governador critica gestão municipal em meio à escalada de tensão entre Executivo e Legislativo
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Uma grave crise institucional emergiu em Barreiras nesta sexta-feira (1º), desencadeada por um confronto direto entre o vereador João Felipe (PCdoB) e a secretária municipal de Saúde, Larissa Barbosa, em frente ao Hospital da Mulher. O episódio, que teve início durante uma ação de fiscalização parlamentar, rapidamente se transformou em embate público e revelou não só a precariedade nos serviços de saúde, mas também movimentações internas suspeitas no alto escalão da administração municipal.
Atendendo a denúncias da população e cumprindo seu papel fiscalizador, o vereador esteve na unidade para verificar as condições da maternidade. Em transmissão ao vivo nas redes sociais, João Felipe denunciou um cenário de desassistência alimentar: café da manhã composto por “cuscuz seco e café, com a água que dizem ser café”, além de uma sopa rala com “dois cubos de frango” e “sem sal” – uma dieta questionável para puérperas e pacientes recém-operadas, que relataram fome e restrição ao recebimento de alimentos externos.
A situação se agravou quando a secretária Larissa Barbosa, que ao chegar ao local, confrontou o parlamentar. Visivelmente exaltada, – o vereador que se preparava para deixar o local – ela tentou impedir fisicamente sua saída, abrindo bruscamente a porta do carro do vereador e o acusando de “invasão”. Em vídeo que viralizou nas redes, Larissa grita:
“Você é louco? Eu sou louca e meia! Você está infringindo regra sanitária, João Felipe! Chamem a polícia agora!”
Fontes próximas ao caso afirmam que, nos bastidores, a secretária teria tentado envolver o governador Jerônimo Rodrigues e a secretária estadual de Saúde, Roberta Santana, durante visita recente, numa suposta tentativa de silenciar o vereador e abafar as denúncias que vem sendo feitas pelo vereador – o que, caso confirmado, pode supostamente configurar em um claro abuso de autoridade.
Prefeitura tenta reagir com nota de repúdio, mas reforça clima de confronto
Em resposta ao episódio, a Prefeitura de Barreiras, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, divulgou na noite desta quinta-feira (1º), uma nota de repúdio contra o vereador João Felipe, acusando-o de “invasão inconsequente”. Segundo a nota, o parlamentar teria entrado em área restrita destinada a parturientes, desrespeitando normas sanitárias e filmando com o celular em punho, sem autorização.
Ainda na Nota Oficial, a administração municipal alegou que o poder de fiscalização não autoriza a entrada em locais sensíveis como consultórios ou centros cirúrgicos, tampouco a interferência no atendimento médico. Também acusou o vereador de expor mulheres internadas a “flagrante constrangimento ilegal” em ambiente íntimo, classificando sua conduta como “descabida e irresponsável”.
A prefeitura informou que a secretária Larissa Barbosa foi até a unidade para solicitar a retirada do vereador e que acionou a Polícia Militar, registrando notícia-crime na Delegacia de Polícia Civil para que sejam tomadas as providências cabíveis.
Exonerações em série e cobrança do governador agravam cenário
Ao final da noite do mesmo dia do fatídico episódio, o Diário Oficial do Município nº 4466 (1º de agosto) registrou uma série de exonerações de cargos estratégicos na Secretaria de Saúde. Foram dispensados, “a pedido”, um diretor médico, um técnico de enfermagem, um assistente administrativo, um agente comunitário de saúde e uma assessora do gabinete do prefeito. A sequência e o timing das exonerações, logo após a veiculação das denúncias, levantaram suspeitas de tentativa de controle de danos ou de “limpeza interna” diante da repercussão negativa. Vale destacar que nunca durante esta gestão uma edição do Diário Oficial foi publicada no mesmo dia.
Paralelamente, o governador Jerônimo Rodrigues, em visita recente a Barreiras, fez críticas públicas à gestão municipal da saúde, responsabilizando a prefeitura pela ineficiência na atenção básica. Segundo ele, 93% dos atendimentos no Hospital do Oeste – classificados como casos de baixa complexidade (“verdes” ou “azuis”) – deveriam estar sendo absorvidos por postos de saúde e UPAs municipais. A crítica do governador contradiz diretamente a retórica otimista e de excelência do prefeito Otoniel Teixeira e da própria secretária Larissa, ao mesmo tempo que reforça a pertinência da fiscalização do vereador.
Câmara promete reação institucional e apoio ao vereador
Diante do episódio, A Câmara se posicionou em defesa do Legislativo. O presidente da Casa, vereador Yuri Ramon, declarou solidariedade a João Felipe e classificou o ato da secretária como “ataque ao poder legislativo“. Yure anunciou a abertura de uma investigação formal contra Larissa Barbosa, com o encaminhamento do caso ao Ministério Público, e prometeu ampliar a fiscalização nas unidades de saúde do município.
O embate expõe não apenas a grave crise na saúde pública – evidenciada pelo cardápio questionável e pelas condições da maternidade – como também uma tentativa de cercear a fiscalização legítima e calar a voz dos representantes eleitos. Em resposta, João Felipe afirmou que a “loucura” de seus opositores não calará a verdade do povo, enquanto a Câmara prepara uma ofensiva institucional.
A crise em Barreiras está longe do fim. A batalha por uma gestão transparente e uma saúde digna, ao que tudo indica, apenas começou.
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