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Pesquisa publicada no fim de 2023 detalha que ciclo de violência, além de serem cometidas por parceiros, as agressões se repetem. Mais da metade das vítimas não concluiu o ensino fundamental, expondo um grave recorte social da violência na cidade, agressão se repete para 56% das vítimas, das quais 83,9% são mulheres negras ou pardas
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Um estudo aprofundado da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), publicado no segundo semestre de 2023, revela que a violência contra a mulher em Barreiras não é apenas um ato isolado, mas um ciclo perverso: para 56,6% das mulheres, a agressão foi um ato de repetição. O dado alarmante integra a pesquisa “Perfil epidemiológico de mulheres vítimas de violência em Barreiras – Bahia (2011-2021)”, que analisou 2.846 notificações e expõe a urgência de ações efetivas durante a campanha do “Agosto Lilás”.
Conduzido pelas pesquisadoras Josiane Magalhães Barbosa e Márcia Regina de Oliveira Pedroso, o estudo vai além e traça um perfil socioeconômico das vítimas. Além de serem majoritariamente negras ou pardas (83,9%), mais da metade (51,3%) possuía ensino fundamental incompleto, indicando que a vulnerabilidade social e educacional se entrelaça com a violência de gênero. A pesquisa confirma que o principal agressor é o parceiro íntimo (73,3%) e o agressor é do sexo masculino em 87,1% dos casos, com a própria residência sendo o cenário do crime para 77,1% das vítimas.
Outro ponto revelado pelo estudo é o paradoxo da pandemia de Covid-19. Embora o isolamento social tenha aumentado o risco de violência doméstica, os números de notificações em Barreiras caíram drasticamente em 2020 e 2021. As pesquisadoras levantam a hipótese de que isso não se deveu a uma redução da violência, mas sim a uma subnotificação causada pela superlotação das unidades de saúde e pelo esgotamento dos profissionais, que passaram a priorizar o atendimento de casos da doença.
O levantamento também joga luz sobre uma falha crítica na rede de proteção. De acordo com os resultados, “somente 35% das mulheres que realizaram a notificação compulsória em serviços de saúde do município foram encaminhadas para outros serviços da rede de enfrentamento à violência”. Este dado, somado à recorrência das agressões, evidencia, nas palavras da conclusão do estudo, “a necessidade de fortalecimento da rede de enfrentamento e proteção às vítimas”, indicando que o sistema de acolhimento ainda não consegue romper o ciclo violento.
A publicação destes dados, é um chamado à ação. A campanha reforça que o debate precisa ir além de ações simbólicas, utilizando informações concretas, como as deste estudo da UFOB, para exigir políticas públicas mais eficazes. A pesquisa confirma que a violência em Barreiras tem cor, classe social e se repete dentro de casa, exigindo um esforço conjunto e informado para proteger suas vítimas.
Para denunciar casos de violência contra a mulher, o canal principal é o Ligue 180, que funciona 24 horas por dia, de forma gratuita e confidencial. Em situações de emergência, a Polícia Militar deve ser acionada imediatamente pelo 190.
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