
Comissão mista e Frente Parlamentar da Educação avaliam soluções aplicáveis ao novo Plano Nacional de Educação; atenção ao modelo asiático não é novidade, já que uma comitiva do MEC esteve no país em 2022
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Parlamentares da Frente Parlamentar Mista da Educação (FPME) e da Comissão Especial do Plano Nacional de Educação (PNE) 2025-2035 embarcam neste dia 16 de agosto para Singapura, onde permanecerão até o dia 22. A missão oficial tem como objetivo analisar o sistema educacional do país asiático, considerado um dos mais bem-sucedidos do mundo, e verificar a viabilidade de trazer estratégias adaptáveis ao contexto brasileiro. A comitiva é formada por 12 deputados federais e um senador.
De acordo com o deputado Rafael Brito (MDB-AL), presidente da FPME e relator do Sistema Nacional de Educação, trata-se de uma oportunidade estratégica: “O objetivo é entender como o país transformou seu capital humano em riqueza. Buscamos adaptar estratégias bem-sucedidas à realidade brasileira, valorizando professores, metodologias inovadoras e integração entre educação e mercado de trabalho”.
Na avaliação da deputada Tabata Amaral (PSB-SP), presidente da Comissão Especial do PNE, a experiência terá impacto direto nas discussões legislativas: “Com a ida à Singapura, pretendemos conhecer de perto uma das melhores experiências em qualidade da educação no mundo. A finalidade é adaptar um modelo comprovadamente eficaz à realidade brasileira, incluindo novas diretrizes ao PNE”.
Durante a viagem, os parlamentares terão encontros com o Ministério da Educação de Singapura e visitas a instituições como o National Institute of Education e o Singapore Examination and Assessment Board, além de escolas públicas primárias, técnicas e universidades. Quatro temas centrais guiarão a missão: políticas e metas educacionais, qualidade e avaliação, formação de lideranças e funcionamento das escolas.
Atenção ao modelo não é de hoje
Comitiva brasileira em Singapura em 2022: missão firmou parceria internacional voltada à formação de professores e atualização curricular, inspirada no modelo que colocou o país asiático entre os líderes mundiais no PISA
A busca por inspiração em Singapura não é inédita. Em setembro de 2022, o Ministério da Educação já havia enviado uma comitiva ao país. Na ocasião, foram discutidos temas como atualização curricular e valorização docente, além de visitas ao Instituto Nacional de Educação (NIE), referência mundial na formação de professores.
A missão de 2022 resultou em parceria com a Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI) e o NIE, que desenvolveu conteúdos de matemática para capacitação de alfabetizadores no âmbito do Programa Brasil Alfabetizado (PBA). O material, dividido em mais de 30 módulos, foi incorporado à plataforma AVAMEC, reforçando a cooperação internacional.
A experiência de Singapura, que já inspirou reformas em países como Portugal e Inglaterra, é marcada por desempenho de destaque no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA). O país liderou o ranking em 2015 e ficou em segundo lugar em 2018, resultados atribuídos à forte valorização e qualificação docente.
Desafios de adaptação ao Brasil
Embora a iniciativa seja vista como um passo importante, especialistas lembram que há barreiras significativas para aplicar integralmente o modelo de Singapura ao Brasil. O país asiático possui um território reduzido, população menor e alto investimento concentrado em educação, o que facilita a implementação de políticas rigorosas de formação docente e avaliação escolar.
No Brasil, a realidade é marcada por desigualdades regionais, disparidades no financiamento e um histórico de descontinuidade em políticas públicas. A valorização de professores, apontada como eixo central do sucesso em Singapura, enfrenta no Brasil entraves como salários defasados, infraestrutura precária e falta de carreira estruturada em muitos estados e municípios.
Nesse cenário, a viagem parlamentar pode funcionar mais como inspiração do que como modelo a ser copiado. A expectativa é que os debates sobre o PNE incorporem práticas comprovadamente eficazes, mas ajustadas ao contexto brasileiro, onde o desafio central continua sendo transformar propostas em políticas sustentáveis e duradouras.
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