
Em discurso, ela afirma que, apesar de acordo ter evitado tarifas piores, a incerteza persiste; BCE incluirá os efeitos do novo pacto comercial com os EUA em suas projeções econômicas de setembro para guiar futuras decisões
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, defendeu nesta quarta-feira (20) que a Europa deve aprofundar seus laços comerciais com outras regiões do mundo, reduzindo sua dependência dos Estados Unidos, mesmo após o recente acordo tarifário entre os dois blocos. Durante um painel no Conselho Empresarial Internacional do Fórum Econômico Mundial em Genebra, na Suíça, Lagarde destacou que a economia global vive um “momento desafiador” e que a resiliência observada recentemente pode ser temporária.
“Embora os Estados Unidos sejam – e continuarão sendo – um importante parceiro comercial, a Europa também deve buscar aprofundar seus laços comerciais com outras jurisdições, alavancando os pontos fortes de sua economia voltada para a exportação”, declarou Lagarde em seu discurso.
Eis a íntegra do discurso, em inglês.
A chefe do BCE explicou que o crescimento global e europeu acima do esperado no primeiro trimestre de 2025 foi impulsionado principalmente por uma “distorção induzida por tarifas”. Empresas importadoras anteciparam suas compras para estocar produtos antes da aplicação de novas taxas, um movimento conhecido como frontloading. O Fundo Monetário Internacional (FMI), por exemplo, revisou o crescimento global para o primeiro trimestre para 0,3 ponto percentual acima do projetado em abril, impulsionado pelo comércio e investimento.
No entanto, Lagarde alertou que esse efeito positivo já está se revertendo. “Com o aumento das tarifas agora sendo implementado, este efeito está se revertendo e a desaceleração esperada no crescimento da área do euro já era evidente no segundo trimestre deste ano”, afirmou.
O novo acordo comercial entre a União Europeia e os EUA estabelece uma tarifa média efetiva entre 12% e 16% sobre os bens da zona do euro importados pelos americanos. Embora o número seja superior ao cenário base anterior, Lagarde ressaltou que ele ficou “bem abaixo do cenário severo de tarifas acima de 20%” que constava das projeções de junho do BCE.
Apesar do alívio, a incerteza permanece elevada. “Acordos comerciais recentes aliviaram, mas certamente não eliminaram, a incerteza global, que persiste devido ao ambiente político imprevisível”, disse ela, observando que o índice de incerteza da política comercial, embora tenha caído pela metade desde seu pico em abril, continua “bem acima de sua média histórica”.
Diante deste novo cenário, Lagarde anunciou que a equipe técnica do BCE irá incorporar as implicações do acordo comercial nas projeções macroeconômicas de setembro. “Isso orientará nossas decisões nos próximos meses”, concluiu.
A economia da zona do euro também foi sustentada por um consumo privado e um investimento mais fortes, além de um mercado de trabalho robusto, com a taxa de desemprego estável em 6,2% em junho. Contudo, a presidente do BCE reforçou que a Europa possui um histórico sólido para expandir seu alcance comercial, lembrando que o bloco já é o principal parceiro comercial de 72 países e possui a maior rede de acordos comerciais do mundo.
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