Consenso de Santiago propõe medidas estruturais para enfrentar escassez de docentes e garantir educação de qualidade até 2030
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A educação enfrenta uma crise silenciosa: a falta de professores qualificados. Segundo a UNESCO, o mundo precisará de 44 milhões de novos docentes até 2030 para atender à demanda educacional. A maior parte dessa carência está concentrada na Ásia e na África, mas a América Latina também sofre com um déficit de 3,2 milhões de profissionais.
Consenso de Santiago: um pacto pela valorização docente
Durante a Cúpula Mundial sobre Professores, realizada em Santiago, Chile, líderes educacionais aprovaram o Consenso de Santiago – documento que propõe ações concretas para reverter o cenário. Entre os principais pontos estão:
- Melhoria das condições de trabalho
- Salários justos e contratos estáveis
- Formação contínua e apoio profissional
- Reconhecimento da relação aluno-professor como patrimônio da humanidade
O documento também alerta para o superlotamento das salas de aula, especialmente em países de baixa renda. Essa realidade compromete o aprendizado, sobrecarrega os docentes e amplia as desigualdades entre os estudantes.
Heleno Araújo, presidente da CNTE e vice-presidente da Internacional da Educação para a América Latina, reforçou a urgência de investir nos profissionais da educação:
“Se queremos uma educação que transforme vidas, precisamos cuidar dos professores com urgência – garantir contratos estáveis, remuneração digna e oportunidades reais de desenvolvimento.”
Outro ponto debatido foi a necessidade de preparar os docentes para lidar com as transformações digitais. O uso ético e acessível de inteligência artificial como ferramenta pedagógica foi defendido como apoio ao ensino, e não como substituição da presença docente.
A UNESCO reafirmou seu compromisso em apoiar os países na formulação de políticas públicas e no monitoramento de padrões internacionais. Iniciativas como o Relatório Global sobre Professores e a Força-Tarefa Internacional para a Educação 2030 buscam soluções conjuntas para enfrentar a crise.
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