
Vereadora de Barreiras se declara defensora dos servidores públicos após aplaudir político condenado por desviar verbas da Educação e atacar professores adoecidos
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A vereadora Carmélia da Mata protagonizou uma cena curiosa e contraditória na noite desta terça-feira (21), ao subir à tribuna da Câmara Municipal de Barreiras para se declarar defensora dos servidores públicos. O problema é que sua “defesa” vem poucos dias depois de a parlamentar ter aplaudido o prefeito de Bom Jesus da Lapa, Eures Ribeiro (PSD), condenado pela Justiça Federal a ressarcir R$ 5,5 milhões desviados de recursos da Educação – entre eles, verbas do Fundef. A vereadora, que se diz voz da valorização do funcionalismo, agora precisa explicar por que estendeu apoio político justamente a quem desdenhou dos professores e atacou o direito ao adoecimento.
Durante o discurso, Carmélia criticou o que chamou de “perseguição e desvalorização” de servidores e reclamou dos gastos da atual gestão municipal com publicidade.
“Servidor público é um pilar da nação”, disse ela, em tom inflamado, tentando resgatar a imagem de de auto intitula defensora da categoria.
No entanto, a própria parlamentar havia demonstrado recentemente sintonia política com Eures Ribeiro – o mesmo que, em vídeo amplamente divulgado nas redes, ironizou professores afastados por motivos médicos, afirmando que “se afastam até por uma dor no dedo da mão” e insinuando que “postos de saúde são fábricas de atestados”. Ver matéria clicando aqui.
O gesto de Carmélia gerou repúdio entre docentes de Barreiras, que classificaram o ato como traição à categoria. “Carmélia traiu a própria história e a categoria que deveria defender”, desabafou uma professora em entrevista. Em meio ao desgaste, a vereadora parece oscilar entre discursos de ocasião e alianças convenientes – um roteiro cada vez mais previsível em sua trajetória política.
O apoio a Eures torna-se ainda mais grave quando se observa o histórico do prefeito, condenado por improbidade administrativa no dia 29 de setembro de 2025. O juiz federal Wilton Sobrinho da Silva, da Vara Federal de Bom Jesus da Lapa, declarou Eures Ribeiro inelegível por seis anos e determinou o ressarcimento de mais de R$ 5,5 milhões desviados dos cofres públicos – valores provenientes do Fundeb, do FNAS e do precatório do Fundef. Clique aqui.
Mesmo após a condenação, o prefeito tentou se reerguer politicamente prometendo R$ 5 milhões “em prenda” aos professores de sua cidade, sem esclarecer a origem dos recursos. Um gesto que, à luz dos desvios já comprovados, beira o escárnio. Leia aqui.
Não bastasse o apoio a um condenado por corrupção, Carmélia da Mata foi uma das principais articuladoras da possível candidatura de Eures à Prefeitura de Barreiras nas eleições de 2024, conforme revelou o Bahia Notícias em reportagem de 13 de março de 2023. À época, o próprio Eures Ribeiro admitiu conversas políticas com a vereadora para “viabilizar a unidade em torno de seu nome”.
Curiosamente, Carmélia costuma se vangloriar publicamente de ter sido a responsável por articular o nome de Zito Barbosa à Prefeitura de Barreiras em 2016 – o mesmo gestor com quem rompeu pouco tempo depois, num conflito que expôs seu temperamento volátil e comportamento político errático. De aliada fiel, passou a adversária implacável, num enredo repetido agora com o prefeito Otoniel Teixeira, a quem já criticou com fervor nas sessões da Câmara e hoje alisa após ter interesses em favores questionáveis.
A incoerência de Carmélia é tamanha que o discurso de valorização dos servidores, embora recheado de frases de efeito, soa como peça teatral mal ensaiada. De um lado, se apresenta como defensora da categoria; de outro, aplaude um político condenado por desviar verbas da educação e ironizar professores adoecidos. A vereadora parece ter se especializado em trocar de lado com a mesma velocidade com que muda o tom de sua fala no plenário.
No fundo, a cena desta terça-feira, 21 de outubro de 2025, foi mais um capítulo da velha dramaturgia política: Carmélia representou indignação na tribuna, mas o público já sabia o final da peça. Um enredo de contradições, aplausos indevidos e alianças moralmente duvidosas, em que a “defensora dos servidores” aplaude justamente quem lhes vira as costas.
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