Uma pesquisa nova, os mesmos erros de sempre

Mais uma pesquisa eleitoral divulgada em Barreiras repete os velhos vícios: dados suspeitos, falta de representatividade e um forte cheiro de manipulação no ar

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Nesta segunda-feira (16), uma nova pesquisa de intenção de votos para prefeito de Barreiras foi divulgada, e, como esperado, os mesmos erros já conhecidos apareceram. Feita pelo Instituto Real Time Big Data e registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número BA-04648/2024, o levantamento entrevistou 800 eleitores entre os dias 13 e 14 de setembro. Tudo lindo no papel, com margem de erro de 3 pontos percentuais e um nível de confiança de 95%, mas, na prática, os problemas são gritantes.

Vamos direto ao ponto: os dados não batem. Não tem na página do TSE, por exemplo, a informação de quais bairros esses eleitores foram ouvidos. Isso não parece um detalhe, é uma falha crucial! Como confiar num levantamento que não mostra a representatividade das áreas onde fez as entrevistas? Qualquer pesquisa séria precisa levar isso em consideração. Com esse tipo de descuido (ou má fé), é difícil não suspeitar dos resultados.

E isso já é repetição. Em 02 de setembro, o mesmo instituto divulgou uma pesquisa (registro BA-05500/2024) que também levantou dúvidas, principalmente pela forma como distribuiu os eleitores ouvidos. Um exemplo? No bairro Vila Rica, o maior colégio eleitoral de Barreiras, com 4.834 eleitores, foram ouvidas apenas 24 pessoas. Parece brincadeira, né? Agora, vamos ao bairro Renato Gonçalves, conhecido por ser mais nobre, com 3.808 eleitores: lá, foram entrevistados 48 eleitores. Coincidência ou não, fica a impressão de que, para o instituto, o voto de uns vale mais que o de outros.

Outro caso gritando é o do bairro Morada da Lua. Com os seus 1.111 eleitores, foram ouvidos pelo Instituto Real Time Big Data na pesquisa anterior, divulgada em 02 de setembro, entrevistou 87 eleitores. No bairro Bandeirantes, com os seus 1.610 foram ouvidos 54 eleitores.

Pasmem!

Fonte:PesqEle | TSE

Quer mais? Segundo dados do TSE, Barreiras tem 107.098 eleitores aptos a votar nas eleições de 06 de outubro. Será que ouvir 800 pessoas, sendo poucas de bairros mais populosos e humildes, realmente reflete a opinião da cidade? Difícil acreditar. O mais irônico é que esses levantamentos, em vez de ajudar o eleitor a se decidir, acabam criando um cenário confuso com o cheiro azedo de suposta manipulação.

E aqui vale um pouco de história: não é de hoje que o Portal Caso de Política vem batendo nessa tecla, questionando as pesquisas divulgadas e alertando os seus leitores. Já teve caso de candidato que criticou uma pesquisa antes de sair o resultado. Mas, quando viu que estava na frente, abraçou a pesquisa e usou com gosto na sua campanha! Uma prova de que, para alguns, o importante é o que os números dizem, e não como eles foram obtidos. Para quem tiver tempo e disposição, basta pesquisar aqui no site por “pesquisa” e conferir as nossas reflexões sobre as ditas pesquisas de intenção de votos em Barreiras.

A pouco tempo atrás houve uma suposta pesquisa eleitoral realizada por inteligência artificial que o seu áudio vazou, demonstrando direcionamento a determinado candidato. Está difícil acreditar em pesquisa não é mesmo?

Tem um outro candidato que a pouco tempo se dizia liderando determinada faixa etária e na mais recente pesquisa, ele comemora por ter abocanhado faixa etária que antes era a sua maior faixa de rejeição. Como explicar esta mágica heim? Curiosamente, dias que antecederam a divulgação desta pesquisa, lideranças políticas bradavam nas redes sociais que seu canddiato estava 4% a frente do segundo colocado. Estranho não é mesmo? Ele errou por apenas 1%.

O que estamos vendo é que determinados candidatos querem a sua própria pesquisa, desde que os números o favoreçam e massageiem o seu incontido ego inflados. Mas essa prática não é só mero oportunismo: ela pode distorcer perigosamente o processo democrático. Quando uma pesquisa dessas é divulgada, ela pode influenciar a opinião de eleitores indecisos e mudar a opinião de outros desavisados, que acabam sendo guiados por informações que não são confiáveis e porque não dizer falsas. Assim, ao invés de ajudar, essas pesquisas atrapalham e prejudicam o direito à escolha consciente do cidadão.

A questão é simples: não dá para confiar cegamente nesses números. As pesquisas viraram instrumentos de manipulação. Elas deveriam ser uma ferramenta séria para entender a vontade popular, mas, do jeito que as coisas estão, mais atrapalham do que ajudam.

No fim das contas, o eleitor de Barreiras merece algo melhor. Ele merece informações reais, pesquisas feitas com seriedade, que representem de verdade todos os bairros e perfis da cidade. Caso contrário, continuaremos assistindo a esse teatro de números distorcidos, que só servem para enganar e desinformar.

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