Presidente da AIBA defende novo pacto entre produção e preservação durante abertura do Cerrado Summit

Foto: AIBA

Moisés Schmidt destacou o papel estratégico do oeste baiano na agricultura regenerativa e propôs quatro caminhos para garantir a sustentabilidade no Cerrado

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA), Moisés Schmidt, foi o principal representante do setor produtivo durante a abertura oficial do Cerrado Summit, realizada na manhã desta terça-feira (15), no auditório da própria AIBA. Em um discurso firme e detalhado, Schmidt reafirmou o compromisso do agronegócio com a sustentabilidade e destacou o papel protagonista do oeste baiano na transição agroambiental do país.

Com o auditório lotado de produtores, autoridades e lideranças do setor, Schmidt abriu sua fala valorizando o evento como uma rara oportunidade de dialogar “da porteira para fora” – ou seja, mostrar à sociedade urbana e à comunidade internacional o que, segundo ele, o campo brasileiro já tem feito por uma produção responsável.

Estamos reunidos para falar de futuro, mas um futuro que só será possível se contribuído com responsabilidade no presente e com a aprendizagem do passado”, afirmou.

O presidente da AIBA detalhou o crescimento agrícola da região do Cerrado, destacando que entre 1985 e 2020 a área cultivada saltou de 4 para 23 milhões de hectares, com a Bahia se tornando uma potência agropecuária. Contudo, ele reconheceu os impactos ambientais do avanço e defendeu uma mudança de rota baseada em ciência, tecnologia e regeneração ecológica.

Sim, crescemos como potência agrícola, mas precisamos corrigir a rota para garantir que o crescimento seja duradouro”, declarou. “Produtividade e preservação não são caminhos opostos.”

Ele citou dados relevantes para mostrar o engajamento do setor, como os mais de 4,2 milhões de hectares preservados apenas na Bahia e os investimentos em monitoramento hídrico do Aquífero Urucuia. Também destacou iniciativas como o Parque Vida Cerrado, que desde 2021 atua na recuperação de áreas degradadas.

Ao final, Schmidt apresentou quatro propostas centrais para transformar o discurso sustentável em prática concreta: criação de linhas de financiamento verde, ampliação da assistência técnica, consolidação de um sistema confiável de monitoramento e fortalecimento da verticalização da produção agrícola.

Investir no desenvolvimento sustentável do cerrado não é apenas uma necessidade ecológica, mas também uma oportunidade econômica significativa”, frisou, mencionando estudo do Fórum Econômico Mundial que prevê retorno de até R$ 19 bilhões ao PIB até 2030 com práticas sustentáveis.

Para Schmidt, o Cerrado precisa ser o território de um novo pacto: um modelo que não polarize o agronegócio entre vilão ou herói, mas que o insira como agente ativo na construção de uma agricultura regenerativa.

Produzir, regenerar, preservar já não são caminhos distintos. São juntos, o único caminho possível.”

Em entrevista concedida ao portal Caso de Política, Moisés Schmidt reafirmou os argumentos do discurso, destacando que o oeste da Bahia já é referência em sustentabilidade agrícola. Para ele, o Cerrado Summit, enquanto pré-evento da COP-30, serve como uma vitrine para mostrar que os produtores da região aplicam tecnologia, ciência e boas práticas de forma concreta.

É fácil para nós encher um auditório com produtores e dialogar para nós mesmos. O desafio é dialogar com a sociedade que às vezes não compreende o que é uma agricultura regenerativa.”

Schmidt mencionou que o uso de técnicas modernas, associadas à preservação de áreas como Áreas de Preservação Permanente (APPs) e reservas legais, é um diferencial da agricultura brasileira.

Temos uma das legislações ambientais mais rígidas do mundo e conseguimos, com isso, produzir com eficiência.”

Segundo ele, a integração entre universidades, instituições de pesquisa e produtores é o que torna possível atender à crescente demanda global por alimentos sem abrir mão da sustentabilidade.

Precisamos discutir o futuro com base em planejamento de médio e longo prazo. E a união das entidades é fundamental para isso.”

Com essa participação enfática, o presidente da AIBA buscou consolidar o papel do setor como articulador de soluções reais para o futuro do Cerrado — onde produção e preservação possam, de fato, caminhar lado a lado.

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